Caiado diz que com RRF pagamento de juros deve cair de R$ 3bi para R$ 90 mi no primeiro ano
08 junho 2021 às 16h11
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“É preciso renegociar. Como Estado sobrevive a uma situação como essa? Como o Estado pode no final de cada mês pegar 250 milhões de reais e retornar para pagar dívidas que foram contraídas?”, questiona o governador
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM) voltou a defender o ingresso do Estado ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) ao pontuar como um dos benefícios a redução das parcelas dos juros da dívida estadual.
“Para se ter uma ideia, hoje nós pagamos R$ 3 bilhões [de dívida] por ano. No primeiro ano da renegociação, vamos pagar R$ 90 milhões”, informou o governador na entrevista. Com o passar do tempo, o valor aumentará, mas o máximo a ser pago será de R$ 1,7 bilhão. “Até chegar a R$ 1,7 bilhão, em 2028, a arrecadação de Goiás já triplicou ou quadruplicou. Então, esse valor já será irrisório”, complementou Caiado.
Caiado afirmou que Goiás precisa renegociar o serviço da dívida e questionou: “Como o estado sobrevive a uma situação como essa? Como o Estado pode no final de cada mês pegar 250 milhões de reais e retornar para pagar dívidas que foram contraídas?”. As declarações foram dadas durante entrevista ao programa Café com CBN, na manhã esta terça-feira, 8.
O governador voltou a indagar como o estado suporta uma “dívida que é registrada em IGPD ao invés de IPCA?” “Essa situação foi trilhada para que Goiás tivesse um projeto político eleitoral, e não preparo ao cidadão”, sentenciou Caiado.
Caiado explicou que o governo está alongando o perfil da dívida, com juros que sejam compatíveis, indexadores “honestos e capazes da população pagar” para baixar o gasto mensal.
O chefe do Executivo estadual ainda ressaltou o fato de que, em decorrência de medidas do Tesouro Nacional, o estado não conseguiu pegar nenhum empréstimo com a União, para a realização de novos projetos, desde 2019, quando assumiu o governo.
Após votação unânime dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Goiás foi autorizado a realizar o ingresso no Regime de Recuperação Fiscal (RRF), que concede a suspensão das dívidas com bancos públicos federais e, ao mesmo tempo, permite que o Estado contraia novos empréstimos. No momento, o projeto que determina o teto de gastos ao Estado está na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) para aprovação.
Apesar de a Alego ter tentado aprovar uma alteração na matéria, deputados foram alertados por técnicos do Ministério da Economia sobre a impossibilidade disso. Será preciso, então, que os deputados “aceitem ou não”, as regras impostas pelo Ministério, que foram aprovadas no STF.
Recursos contra CovidDurante a entrevista, Ronaldo Caiado ainda ressaltou a importância da verba repassada pelo Governo Federal no combate ao coronavírus, para uma maior regionalização da Saúde e para evitar uma grave crise social em Goiás (através do auxílio emergencial), e o papel do próprio estado na prestação de contas do uso do dinheiro público.
“Muitas vezes as pessoas tentam criar factoides em relação ao uso do dinheiro vindo do Governo Federal [para combate à Covid-19 em Goiás]. No entanto, cuido de todo o patrimônio com atenção. No momento que começamos a enfrentar a Covid, junto ao secretário de Saúde, nós chamamos toda uma equipe, da secretárias Economia, Segurança Pública, Planejamento e Administração, e esse time fazia um filtro de tudo o que era gasto. Por isso, Goiás não teve escândalos na compra de respiradores, insumos, enfim. Houve prestação de conta de cada centavo aplicado, tudo foi feito dentro de um planejamento de meus secretários qualificados”, afirma.