Um estudo científico analisou sete meses de dados em vídeo do uso contínuo de um dispositivo de comunicação aumentativa e alternativa (CAA) por uma cacatua-de-goffin. A ideia era avaliar o potencial dessas ferramentas para aumentar a conexão entre humanos e animais.

A análise utilizou 129 sessões, quase 4 mil interações com a ferramenta ao longo de sete meses. Os vídeos foram registrados, rotulados, codificados e analisados para encontrar as respostas para três perguntas: Até que ponto podemos avaliar o uso de um quadro de fala por um papagaio? Qual distribuição de temas surgiu do uso do dispositivo de CAA? Até que ponto o uso de um quadro de fala fornece valor expressivo e de enriquecimento?

Exemplos dos ícones disponíveis no dispositivo de comunicação aumentativa e alternativa (CAA)

De acordo com o artigo publicado em maio deste ano, os resultados “sugerem que a escolha das palavras de destino não pode ser simplesmente explicada com base na seleção aleatória, luminescência ou localização do ícone sozinho”. Eles apontaram ainda que 92% das escolhas do animal foram “validadas pelo engajamento ou tempo dedicado à tarefa, indicando tanto valor expressivo quanto de enriquecimento”.

“O uso de CAA com animais pode potencialmente ajudar a reduzir o tédio, fornecer enriquecimento social e cognitivo, e melhorar a agência e o controle dos animais sobre seu ambiente”, aponta o texto.

O termo “expressivo” reconhece a perspectiva intrigante de que essas interações poderiam representar mais do que comportamento arbitrário; eles podem de fato indicar algum nível de expressão genuína

Ellie Talks About the Weather

Gorila aprendeu linguagem de sinais

Não é a primeira vez que cientistas tentam ensinar a linguagem humana para um animal. Koko foi uma gorila famosa que ganhou reconhecimento mundial por sua habilidade em se comunicar usando a língua de sinais americana (ASL). Ela nasceu em 1971 no Zoológico de São Francisco e foi selecionada para um projeto de pesquisa liderado pela psicóloga Penny Patterson.

Desde tenra idade, Koko foi ensinada a se comunicar usando sinais, um processo que foi gradual e meticuloso. Penny Patterson desenvolveu uma relação íntima com Koko ao longo dos anos, tratando-a como uma criança e ensinando-a a linguagem de sinais como um pai ensina seu filho.

Ao longo de sua vida, Koko aprendeu centenas de sinais ASL e conseguiu comunicar-se de forma bastante complexa. Ela foi capaz de expressar desejos, sentimentos e até mesmo criar suas próprias combinações de sinais para comunicar pensamentos mais complexos.

Koko também ficou conhecida por seu amor pelos animais de estimação, especialmente gatos. Ela teve vários gatos de estimação ao longo de sua vida e cuidava deles com carinho, demonstrando um lado afetuoso de sua personalidade.

A vida de Koko foi documentada em vários filmes, documentários e livros, tornando-a uma figura icônica na história da pesquisa sobre a comunicação animal. Sua capacidade de se comunicar de forma tão avançada desafiou muitas das noções tradicionais sobre a inteligência e a linguagem dos animais não humanos.

Leia também:

Vídeo: após retorno de bombeiros, Goiás envia segunda equipe para RS

Polícia encontra gato sem cabeça e animais mortos com veterinária suspeita de maus-tratos