Cacai Toledo tinha rede de apoio e percorreu quatro federações para fugir da polícia

04 junho 2024 às 12h23

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Preso nesta segunda-feira, 3, apontado como autor intelectual do esquema que matou o empresário Fábio Escolar e outras sete pessoas, Cacai Toledo mantinha uma rede de apoio para conseguir fugir das forças de segurança. A Polícia Civil de Goiás (PCGO) acredita que nos sete meses em que permaneceu foragido (desde novembro de 2023), o ex-presidente do DEM (atual União Brasil) percorreu quatro federações e dois países.
Cacai foi detido pela corporação em uma residência de Samambaia, em Brasília, onde estava hospedado há cerca de 40 dias. Antes de ser preso, ele teria passado por São Paulo, Minas Gerais e Paraná, além de Argentina e Paraguai.
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“Percorremos vários endereços em Brasília, passamos na tríplice fronteira do Brasil, Paraguai e Argentina. Ele [Cacai] estava sozinho na residência no momento da prisão e não ofereceu resistência. Não foi apreendido nada com ele, não havia documento falso”, explicou o delegado titular da Delegacia Estadual de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO), Thiago Torres.
O político era o único envolvido no esquema que estava foragido e, agora, se junta a outros 10 policiais militares presos durante a operação em 2023. Segundo o delegado, Cacai usou a influência e o poder financeiro para financiar a fuga, assim como contou com ajuda de terceiros.
A casa onde foi preso, por exemplo, pertence a uma amiga da família, que agora é investigada por favorecimento pessoal, por ter cedido o imóvel ao denunciado. Thiago informou que a corporação chegou até o ex-presidente do DEM por meio de levantamentos da inteligência, que identificaram indícios do político no DF.
“Com a prisão dele, encerramos o inquérito policial. A prisão foi feita sem qualquer tipo de negociação com a defesa. A Polícia Civil chegou a se reunir com a defesa e com o Ministério Público para chegar a um acordo, mas nada foi firmado”, contou o delegado.
Cacai foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de Brasília e, em seguida, para a detenção da PC brasiliense. A corporação goiana já pediu o recambiamento do denunciado, a fim de que cumpra pena em Goiás. A audiência de custódia está marcada para esta terça-feira, 4.
Morte de Fábio Escobar
A Polícia Civil (PC) concluiu que o empresário Fábio Escobar foi assassinado no dia 23 de junho de 2021 por vingança após ter denunciado desvios de dinheiro na campanha eleitoral de 2018 do ex-presidente do Democratas, Cacai Toledo.
Escobar trabalhou com Cacai durante a campanha de 2018. No ano seguinte, passou a denunciá-lo na internet por supostos desvios de dinheiro. Em um dos vídeos, Escobar mostrava o momento em que devolvia R$ 150 mil, que ele dizia ter recebido de Cacai como suborno para que ele parasse com as denúncias. Para a investigação, essas desavenças motivaram o assassinato do empresário.
Segundo a polícia, Cacai, junto com Jorge Caiado, que tem prestígios na Secretaria de Segurança Pública (SSP), usou da proximidade com policiais militares para planejar e matar Escobar. Eles teriam aliciado agentes para executarem o assassinato e prometido promoções por “ato de bravura”.