Brasileiro-palestino de 17 anos morre em prisão de Israel, e governo pede esclarecimentos

24 março 2025 às 21h00

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O brasileiro-palestino Walid Khaled Abdallah, de 17 anos, morreu neste domingo, 23, enquanto estava detido em uma prisão israelense. O governo brasileiro acompanha o caso e pediu esclarecimentos formais a Israel sobre as circunstâncias da morte. O jovem havia sido preso em setembro de 2024, na cidade de Silwad, na Cisjordânia, sob acusação de agredir um soldado israelense.
A Federação Árabe Palestina do Brasil denuncia que Abdallah pode ter sido vítima de tortura, enquanto organizações internacionais alertam para o alto número de palestinos mortos sob custódia israelense desde o início da guerra na Faixa de Gaza.
A Embaixada do Brasil em Israel já acionou as autoridades israelenses e aguarda uma resposta oficial. Além disso, o Escritório de Representação do Brasil em Ramallah está prestando assistência à família do jovem, que busca mais informações sobre o caso e os procedimentos para a liberação do corpo. Até o momento, o Itamaraty não se pronunciou publicamente sobre o assunto.
Morte em prisão sob suspeita de tortura
A ONG Defesa das Crianças Internacional – Palestina informou que Walid Khaled Abdallah sofria de problemas de saúde, incluindo sarna e disenteria amebiana. Segundo a organização, sua morte foi comunicada à Comissão de Assuntos de Presos e Ex-Presos, que notificou a família por meio do Gabinete de Ligação Palestino.
A Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) reforça a denúncia de que prisões israelenses têm sido palco de tortura sistemática. Segundo a entidade, Abdallah estava detido na prisão de Megiddo, “notória pelo uso de tortura com choques elétricos, espancamentos, privação de comida e até uso de cachorros”.
De acordo com a federação, o jovem é um dos mais de 60 palestinos que morreram sob custódia israelense desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023.
Crise diplomática entre Brasil e Israel
O episódio ocorre em meio a uma relação já desgastada entre os dois países. Desde maio do último ano, o Brasil não tem um embaixador em Tel Aviv, após a convocação de Frederico Meyer para consultas em Brasília. Desde então, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não nomeou um substituto para o cargo.
Nos últimos meses, as declarações de Lula sobre o conflito Israel-Palestina geraram reações negativas do governo israelense. As tensões aumentaram especialmente após o presidente brasileiro comparar a ofensiva israelense em Gaza ao Holocausto, o que levou Israel a convocar o embaixador brasileiro para prestar esclarecimentos.
Conflito na Faixa de Gaza se intensifica
A situação na Faixa de Gaza se agravou nos últimos dias, com Israel retomando ataques aéreos e terrestres contra alvos do Hamas. O cessar-fogo que havia sido mediado por organismos internacionais foi rompido em janeiro, após mais de dois meses de trégua.
Na sexta-feira, 21, o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, afirmou que instruiu as Forças Armadas do país a “tomarem mais territórios na Faixa de Gaza”. O governo israelense alega que a medida é uma resposta à recusa do Hamas em libertar os reféns que ainda estão sob seu poder. Segundo Israel, há 59 reféns mantidos pelo grupo palestino, mas menos da metade estariam vivos.
A Defesa Civil de Gaza, sob comando do Hamas, informou que 11 palestinos morreram nos últimos bombardeios israelenses, incluindo oito em ataques realizados na sexta-feira. A escalada da violência preocupa organizações humanitárias, que alertam para o agravamento da crise humanitária na região.
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