Brasileiro é condenado por matar adolescente com espada em Londres; vídeo

29 junho 2025 às 16h53

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O brasileiro e espanhol Marcus Arduini Monzo, de 37 anos, foi condenado à prisão perpétua pelo assassinato brutal de Daniel Anjorin, um jovem britânico de 14 anos. O crime ocorreu em 30 de abril de 2024, no bairro de Hainault, no nordeste de Londres, e envolveu uma sequência de ataques com uma espada samurai.
Além da morte do adolescente, outras cinco pessoas foram feridas, entre elas, dois policiais que tentaram impedir o avanço do agressor. A sentença, proferida em junho de 2025 no tribunal de Old Bailey, determinou que Monzo deverá cumprir no mínimo 40 anos de prisão antes de poder pleitear liberdade condicional.
O ataque teve início por volta das 7h, quando Monzo bateu uma van contra uma casa em Laing Close, ferindo um homem de 33 anos. Em seguida, saiu do veículo carregando uma katana e invadiu uma residência próxima. No local, agrediu outro homem, de 35 anos, que sofreu cortes profundos em um dos braços.
Poucos minutos depois, Monzo avistou Daniel, que seguia para a escola. O menino foi atingido nas costas e no pescoço. Vizinhos que presenciaram a cena tentaram alertá-lo, porém o garoto usava fones de ouvido e não percebeu a aproximação do agressor.
Logo após matar Daniel, Monzo seguiu em direção a uma rua próxima, onde atacou dois policiais que tentavam contê-lo. Uma oficial sofreu fratura no crânio, lesões nos nervos e danos permanentes. O outro quase perdeu uma das mãos. Ainda assim, os agentes conseguiram resistir e retardar o avanço do agressor até que reforços chegassem. A detenção foi concluída com o uso de spray químico e duas descargas de Taser. O ataque, desde o primeiro chamado até a prisão, durou cerca de 22 minutos.
Investigação e Julgamento
Durante o julgamento, a defesa alegou que Monzo sofria de psicose induzida pelo uso de maconha e ayahuasca. Entretanto, o júri rejeitou a tese de insanidade, concluindo que ele era plenamente responsável por suas ações.
De acordo com a promotoria, o réu teria consumido as substâncias de forma voluntária e sabia dos riscos que seu comportamento apresentava. A perícia psiquiátrica apontou que o acusado tinha convicções delirantes alimentadas por uso prolongado de alucinógenos, mas mantinha consciência da realidade durante os atos violentos. Portanto, o tribunal considerou que ele poderia ser julgado com base na plena imputabilidade penal.
A investigação policial revelou aspectos perturbadores da vida de Marcus Monzo. Cidadão europeu com nacionalidade brasileira, ele morava em Newham, distrito do leste londrino. Segundo os investigadores, Monzo vinha se isolando socialmente nos meses que antecederam o crime. Dizia ouvir vozes, falava em energias negativas e havia desenvolvido fascínio por armas brancas e pela estética samurai.
No dia do ataque, chegou a matar seu próprio gato, alegando que o animal havia sido possuído por forças malignas. Depois disso, dirigiu até Hainault armado com a espada e outros objetos apreendidos pela polícia, como duas pistolas de ar comprimido e substâncias entorpecentes.
Ainda assim, especialistas consultados pelas autoridades ponderaram que ele não apresentava histórico psiquiátrico formal anterior. Além disso, não havia registros de ameaças ou antecedentes de violência. A ausência de alertas prévios reforçou o impacto do caso sobre as forças de segurança e sobre os serviços de saúde mental. Parlamentares britânicos, inclusive, chegaram a discutir a criação de novas diretrizes para a identificação de riscos envolvendo pacientes sob efeito de psicotrópicos não regulamentados.
Vítimas e Debates

Daniel não resistiu aos ferimentos. A tragédia provocou forte comoção entre familiares, amigos, colegas de escola e em toda a comunidade local. Em nota, a Bancroft’s School, onde ele estudava, descreveu o adolescente como um “jovem brilhante, gentil e dedicado aos estudos”. Clubes esportivos também homenagearam o estudante. Fã do Arsenal, ele foi lembrado com uma salva de palmas no 14º minuto de uma partida oficial, simbolizando sua idade no momento do ataque. A família recebeu apoio de centenas de pessoas durante o funeral, realizado em Ilford, com uma cerimônia discreta, mas carregada de emoção.
As vítimas sobreviventes também deixaram testemunhos comoventes. Um dos homens atacados dentro de casa relatou o desespero ao ver a lâmina se aproximando rapidamente. Os policiais, por sua vez, disseram em juízo que o confronto foi o mais violento de suas carreiras. Apesar das lesões, ambos foram homenageados publicamente pela bravura e ainda recebem acompanhamento médico e psicológico. Já os moradores do bairro de Hainault criaram uma rede de solidariedade, com vaquinhas virtuais, reuniões comunitárias e sessões de apoio coletivo. A página de arrecadação para a família de Daniel ultrapassou £150 mil em doações.
O caso, embora isolado, levantou questões importantes sobre o controle de armas brancas no Reino Unido, o uso de substâncias psicoativas e os impactos sociais da desinformação sobre espiritualidade e “caminhos alternativos” de consciência. O uso de ayahuasca, embora associado a contextos religiosos no Brasil, vem sendo adotado em ambientes urbanos e terapêuticos na Europa, muitas vezes sem o devido acompanhamento médico. A tragédia reacendeu esse debate, porque o acusado afirmou ter feito uso da substância nos dias anteriores ao crime.
Autor dos crimes é o brasileiro Marcus Monzo
Marcus Monzo ouviu a sentença em silêncio. Segundo relatos da imprensa britânica, ele demonstrou pouca reação durante o julgamento. O juiz classificou o ataque como “feroz, impiedoso e devastador”, e destacou que a pena mínima de 40 anos reflete não apenas a gravidade do homicídio de Daniel, mas também a brutalidade contra os demais feridos. Ainda cabem recursos, mas a defesa não informou se irá recorrer.
A lembrança de Daniel Anjorin, no entanto, permanece viva entre seus colegas e vizinhos. Ele sonhava ser jogador de futebol e adorava matemática. Era conhecido por sua educação, carinho com os mais novos e paixão pelo aprendizado. Sua ausência, como disseram os pais em carta aberta, deixou um vazio impossível de preencher. Ainda assim, o esforço por justiça e as manifestações de carinho mostram que a memória do garoto segue mobilizando afetos — e gerando reflexão.
Vídeo: polícia confronta Marcus Arduini Monzo
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