Brasil amplia exportações de algodão e passa a atender Arábia Saudita
25 outubro 2024 às 13h03
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Na quinta-feira, 24, o Brasil conquistou um importante marco em sua trajetória agrícola ao receber autorização para exportar algodão em pluma, caroço e diversos subprodutos para a Arábia Saudita. O anúncio foi feito em conjunto pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE), refletindo a crescente importância do agronegócio brasileiro no cenário internacional.
A Arábia Saudita, embora tradicionalmente não figure entre os maiores consumidores de algodão em fibra, já demonstra uma demanda crescente por subprodutos, como farelo e óleo. Essa nova autorização representa a sexta abertura de mercado concretizada pelo Brasil neste país árabe em 2024, após acordos anteriores que incluíram sementes de hortaliças, aves vivas, flores e feno. Desde o início de 2023, o Brasil já contabiliza 265 novas exportações para 61 destinos, um crescimento significativo que destaca o dinamismo do agronegócio nacional.
De acordo com dados do Mapa, de janeiro a setembro de 2024, o Brasil exportou 1,9 milhão de toneladas de algodão, totalizando US$ 3,68 bilhões, superando os números de 2023, quando as exportações anuais foram de US$ 3,33 bilhões e 1,68 milhão de toneladas. A ampliação dos destinos é vista como um indicativo não apenas de crescimento, mas também de competitividade da produção agrícola brasileira.
Em entrevista ao Jornal Opção, Haroldo Cunha, presidente da AGOPA (Associação Goiana dos Produtores de Algodão), compartilhou suas expectativas sobre essa nova oportunidade. “Embora a Arábia Saudita tenha uma demanda modesta pela fibra de algodão, ela já está consumindo subprodutos. Recentemente, exportamos mais de 500 toneladas de farelo para lá. Essa abertura é um passo importante para o fortalecimento do nosso setor”, afirmou Haroldo.
Ele destacou que, apesar de a abertura do mercado não gerar um impacto imediato na produção, representa uma importante oportunidade para diversificação comercial. “A Arábia Saudita é um país em crescimento e, embora não se espere uma mudança drástica na produção, a ampliação de mercados é sempre benéfica”, ressaltou.
Com a inclusão de subprodutos na autorização, Haroldo comentou sobre o potencial impacto na rentabilidade do setor. “Se a demanda por farelo, caroço e torta crescer no exterior, pode haver uma pressão sobre a oferta interna, o que pode resultar em um aumento de preços. Isso, por sua vez, melhora a rentabilidade dos produtores, que também poderão comercializar o caroço nas algodoeiras”, explicou.
O Brasil, sendo o maior exportador mundial de algodão, se destaca pela qualidade de sua produção. Haroldo ressaltou a importância das certificações socioambientais que garantem a responsabilidade e a sustentabilidade da cultura do algodão no país. “O algodão brasileiro possui duas certificações principais: o ABR (Algodão Brasileiro Responsável) e o BCI (Better Cotton Initiative). Essas certificações asseguram que nossa produção respeita critérios rigorosos de preservação ambiental e normas sociais”, afirmou.
Ele destacou que cerca de 90% da produção de algodão no Brasil está alinhada a essas práticas sustentáveis, o que confere ao produto uma vantagem competitiva significativa no mercado global.
A abertura do mercado saudita é um passo crucial para a expansão do agronegócio brasileiro, consolidando a posição do Brasil como um dos principais players do setor agrícola mundial. Com a diversificação das exportações e a manutenção de altos padrões de qualidade e sustentabilidade, o futuro do algodão brasileiro parece promissor, oferecendo novas oportunidades para os produtores e contribuindo para o fortalecimento da economia nacional.
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