Relatório é resposta a solicitação da ONU a vários países. No Brasil, documento ignorou promoção do discurso de ódio por integrantes do próprio governo

Em informações submetidas às Nações Unidas, o governo brasileiro admite: o movimento neonazista passou por uma expansão no país desde os anos 80 e hoje está ativo. Segundo o colunista Jamil Chade, do portal UOL, os dados fazem parte de um informe da ONU que será debatido na segunda-feira, no Conselho de Direitos Humanos, em Genebra.

Foi pedido a cada governo, pelos organizadores do documento liderado pela relatora das Nações Unidas, Tendayi Achiume, para que entregassem dados nacionais da situação dos movimentos de tendências neonazistas, num esforço internacional para tentar mapear o cenário e dar uma resposta.

Jovem é abordado por usar suástica em roupa dentro de shopping em Caruaru (PE) | Foto: Reprodução

No caso das respostas do Itamaray, a constatação que é citada no informe final da relatoria da ONU, de 13 de setembro, é de que houve uma intensificação desses grupos neonazistas. “Desde os anos 1980, o movimento neonazista se intensificou no Brasil. Ele continuou ativo e incluiu mais de 12 grupos”, apontou o texto da ONU, citando as respostas dadas pelo Itamaraty.

Outro aspecto avaliado pela relatoria se referia à promoção do discurso do ódio, aproveitando-se de novas tecnologias e a incapacidade das plataformas digitais de dar uma resposta às tendências.

Nas informações que submeteu para a ONU, porém, o governo brasileiro ignorou a promoção do discurso do ódio por parte do próprio presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e diversos ministros.

Se no Brasil o governo Bolsonaro tenta impedir que as redes sociais retirem conteúdo de seus sites, a versão oficial ao mundo é outra. “O governo do Brasil declarou que com o aumento do uso de novas tecnologias da informação, o discurso do ódio e da intolerância na Internet também aumentou significativamente”, aponta o documento oficial da ONU.

* Com informações do portal UOL.