Bombeiros apontam riscos e cuidados para banhistas não serem vítimas de afogamento
30 dezembro 2014 às 13h10
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No caso de crianças, o descuido por parte dos pais é a principal causa de acidentes. Já quanto aos adultos, o álcool é o maior causador de afogamentos
Nesse período de férias de final de ano, muitas pessoas escolhem passar o Natal e Réveillon em locais próximos a lagos, rios ou mares. E então o perigo se instala. Conforme o capitão Patrick do Corpo de Bombeiros, a maioria dos casos de afogamentos poderiam ser evitados. “A gente pode dizer que 90% de vidas perdidas poderiam ter sido preservadas. Prevenção é a palavra”, disse o bombeiro.
Dados do Corpo de Bombeiros em Goiás apontam que o número de afogamentos esse ano, de janeiro até metade do mês de dezembro – 79 casos -, foi maior do que o do ano passado, que teve registrado 64. Na última segunda-feira (29) pela manhã, um adolescente de 13 anos morreu afogado no Rio Dourado, em Cromínia, Goiás. No mesmo dia à noite, em Niquelândia, um homem de 39 anos faleceu da mesma forma. Ele brincava às margens de uma represa, perdeu o equilíbrio, caiu na água e não conseguiu voltar à margem.
O capitão Patrick explicou ao Jornal Opção Online que as maiores causas de afogamentos de crianças e adultos. Veja:
Crianças — “O afogamento é a segunda causa de óbito de crianças de 1 a 9 anos, e geralmente envolve falta de vigilância, descuido por conta do responsável. Às vezes a criança até sabe nadar, mas as pessoas devem entender que isso é apenas uma auto sobrevivência. Ainda assim, os responsáveis devem vigiar, porque a resistência física dela é pequena. Não pode deixar ela livre para brincar do jeito que quiser, sozinha.”
Adultos — Neste caso, conforme o capitão, as três principais causas são:
- Álcool – “A pessoa tende a ficar mais corajosa, acreditando que consegue fazer uma travessia que lúcida não tentaria fazer. E os efeitos do álcool retardam a pessoas, e ela não consegue nadar, e o afogamento acontece.”
- Mergulho em águas rasas – “O adulto não conhece a região, pula, fratura a coluna, não consegue voltar a superfície e acaba se afogando.”
- Negligência – “As pessoas, por serem adultas e saberem nadar, subestimam a região, e isso não deve acontecer.”
Quanto aos cuidados, o capitão do Corpo de Bombeiros aponta que existe uma diferença entre as cautelas a serem tomadas quando se está em uma região de rios e lagos, e em mares. De acordo com ele, a primeira ação que o banhista deve tomar ao chegar à “área espelhada” é conhecer o local. “Deve delimitar a área de banho, principalmente quando estiver com criança. Ver as áreas rasas, e ficar somente lá. Deixar a criança sozinha, jamais! Devemos lembrar que boia, colchão de ar, pode furar”, apontou.
No caso do mar, conforme o capitão Patrick, o banhista deve escolher uma área com salva-vidas, e se atentar para os avisos. As ondas e correntes de retorno são as principais preocupações. Se na praia não houver avisos de “área própria para banho”, ou salva-vidas, o banhista deve permanecer na parte rasa, e se atentar para as ondas.
“O adulto deve fazer o reconhecimento da área. No caso de mar é complexo, porque a pessoa tem que ter noção de onde as ondas quebram, as correntes de retorno, porque se a pessoa entrar na corrente ela entra mar a dentro”, aponta Patrick
Medidas a serem tomadas em caso de acidente
Se mesmo com todos os cuidados, um acidente acontecer, o capitão Patrick explica que a pessoa deve, primeiramente, manter a calma. “Se ela se debate, cansa demais, perde oxigênio, que é o que mantém a pessoa na superfície. Caso ela não consiga voltar, deve acenar com o braço e pedir socorro, mas sempre com calma”, disse, mas completa: “O melhor é não adentrar em águas profundas.”
No caso de alguém que esteja próximo de uma pessoa que está se afogando, o capitão pontua os procedimentos a serem tomados:
Área rasa – “Primeiramente, chame por socorro. Em local raso, a pessoa, se se sentir segura para isso, pode entrar e salvar a vítima.”
Área profunda – “Nesse caso, a pessoa não deve adentrar, porque senão duas pessoas podem acabar se afogando. O que deve ser feito é jogar algum objeto – uma boia, corda – para que ela possa se agarrar e ser puxada para a margem.”
Ao chegar na margem – “Após resgatar a pessoa, os presentes devem avaliar se ela respira bem. Se ela apresentar espuma na boca e no nariz, deve ser levada imediatamento para um hospital, ou caso não tenha um próximo, aguardar socorro. Se ela não tiver espuma na boca ou nariz, mas estiver inconsciente, de imediato deve ser feita a respiração boca a boca, para fornecer oxigênio.”
O principal, entretanto, é ao chegar no local de lazer, avaliar se existem hospitais, bombeiros, ou quaisquer outros socorros nas proximidades. E claro, avaliar os riscos antes de entrar na água, ter cuidado para que a diversão não se torne tragédia. “É preciso pensar: se eu precisar de ajuda, onde vou recorrer? E sempre ficar em locais rasos, e no caso de crianças, não deixá-las sozinhas na água”, conclui o capitão Patrick.