Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, reafirmou sua intenção de retornar à presidência em 2026, apesar dos desafios políticos e jurídicos que enfrenta. “Vou voltar em 2026”, declarou em entrevista à Revista Veja, refletindo sobre sua situação atual, marcada por investigações e um ambiente político conturbado. Essa afirmação vem em um momento em que seu papel como líder da direita é contestado, mas ele ainda se vê como uma figura central no cenário político nacional.

Bolsonaro, que foi um dos grandes derrotados nas eleições municipais, ainda assim se posiciona como um dos principais líderes da direita no país. Inelegível até 2030, o ex-presidente se destacou por seu papel como cabo eleitoral, contribuindo para que o PL, seu partido, se tornasse a sigla mais vitoriosa nas eleições de 2024, especialmente em capitais. “Meu partido, o PL, passou a ter quatro capitais, e nas cidades com mais de 200 mil candidatos somos campeões”, afirmou, defendendo sua influência em um contexto onde outros partidos, como o PT, enfrentaram dificuldades significativas.

No entanto, sua estratégia não foi isenta de controvérsias. Em cidades como Belo Horizonte e Goiânia, Bolsonaro apoiou candidatos que não conseguiram avançar no segundo turno, o que levou críticos a questionarem sua eficácia como líder político. Em Curitiba, por exemplo, ele foi acusado de flertar com a adversária de Eduardo Pimentel, indicando um comportamento ambíguo em sua política de alianças. “Eu liguei para a Cristina, falei para batermos um papo… mas não falei que ia votar nela”, esclareceu, tentando distanciar-se de qualquer responsabilidade pelas perdas eleitorais.

Os conflitos com a Justiça se intensificam, especialmente com a iminente investigação da Polícia Federal que pode resultar em um indiciamento por tentativa de golpe de Estado. Ao abordar a questão, Bolsonaro minimizou as implicações legais, afirmando que se trata de uma “perseguição política” orquestrada por seus adversários. “Nunca atuei fora das quatro linhas, não tenho medo de julgamento, mas minha preocupação é quem vai me julgar”, comentou, referindo-se ao ministro Alexandre de Moraes, a quem acusou de interferir em suas campanhas e perseguir seus aliados.

Além disso, Bolsonaro ressaltou sua determinação em reverter sua inelegibilidade, um fator que poderia complicar seus planos para 2026. “Não tem cabimento a minha inelegibilidade”, declarou, explicando que o processo foi motivado por reuniões com embaixadores antes das eleições. Ele planeja utilizar tanto o Parlamento quanto o Supremo Tribunal Federal como caminhos para recuperar seus direitos políticos e eventualmente registrar sua candidatura em 2026. Essa abordagem demonstra uma estratégia calculada para contornar as barreiras legais que se interpõem em seu caminho.

Apesar de sua situação legal, o ex-presidente continua a se posicionar como o principal candidato da direita. “Chance só tenho eu, com todo o respeito”, afirmou, desconsiderando outras figuras emergentes como Pablo Marçal, que, segundo ele, não têm a mesma força nacional. “O resto não tem nome nacional”, complementou, subestimando o potencial de seus concorrentes e reafirmando sua autoconfiança como a única alternativa viável para a direita nas próximas eleições.

Bolsonaro também teceu críticas ao atual governo Lula, abordando questões como a economia, a política internacional e o meio ambiente. Ele argumentou que o PT não entende o conceito de empreendedorismo e se comparou a um namoro de juventude que acaba se desiludindo. “O PT é como aquele namoro de juventude, quando se promete: ‘Te dou a lua’. Depois, o jovem envelhece e não acredita mais nisso”, disse, utilizando uma metáfora para ilustrar sua visão pessimista sobre as promessas do partido em relação à economia.

A conversa com a Veja também abordou planos para sua família na política. Ele mencionou a possibilidade de seus filhos, Flávio e Eduardo Bolsonaro, e a ex-primeira-dama Michelle, concorrerem ao Senado em 2026. “A Michelle deve concorrer ao Senado pelo Distrito Federal, tem grande chance de se eleger”, destacou, demonstrando uma preocupação em consolidar a presença de sua família no cenário político, o que também pode fortalecer sua base eleitoral.

Além disso, Bolsonaro está envolvido em um movimento no Congresso em favor da anistia aos envolvidos nos eventos de 8 de Janeiro. Ele acredita que essa questão deve ser discutida com sensibilidade e apresentou o tema como uma necessidade humanitária, focando em casos individuais de famílias afetadas. “Falei recentemente com o Arthur Lira, o presidente da Câmara, e ele vai transformar o projeto de anistia em comissão especial”, afirmou, enfatizando a importância de humanizar a narrativa em torno desse assunto.

A expectativa é que as investigações e a pressão jurídica sobre Bolsonaro continuem a moldar sua trajetória política nos próximos anos. Contudo, ele se apresenta determinado a transformar a narrativa pública ao seu favor, buscando construir uma imagem de injustiça e perseguição. “O pessoal já sabe, mas é preciso massificar isso entre a população”, argumentou, indicando que sua estratégia inclui um esforço consciente para mobilizar a opinião pública em sua defesa.

Em relação às críticas ao governo Lula, Bolsonaro mencionou diversas áreas em que acredita que o atual governo falhou, desde a reforma tributária até questões ambientais. “A reforma tributária é um desastre, vão taxar tudo, até os sonhos”, criticou, manifestando sua preocupação com a direção política do país e reforçando sua proposta de um governo mais voltado para o crescimento econômico e a liberdade do empreendedor.

Embora tenha enfrentado derrotas recentes, o ex-presidente permanece otimista sobre seu futuro político e sobre sua capacidade de mobilizar o eleitorado. “Se Deus me der essa oportunidade de disputar as eleições, debater com qualquer um”, finalizou, deixando claro que ainda vê um caminho viável para um retorno ao poder. Esse otimismo é parte de sua identidade política e pode servir como um importante motor em sua busca pela reeleição em um cenário repleto de desafios.

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