Atual presidente afirmou que pretende participar de debates somente no segundo turno das eleições deste ano

Em entrevista ao apresentador Carlos Massa, o Ratinho, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que pretende participar de debates somente no segundo turno das eleições deste ano. No programa, que foi ao ar nesta terça-feira (31), o chefe do executivo e pré-candidato à reeleição falou, também, sobre sua posição nas pesquisas de intenções de voto e sobre a desistência de João Doria (PSDB).

“No segundo turno eu vou participar [dos debates]. No primeiro turno, a gente pensa, porque se eu for, os 10 candidatos vão querer dar pancada em mim e eu não vou ter tempo para responder. Eu acho que o debate deveria ser de perguntas pré-acertadas antes para não baixar o nível”, disse. 

Questionado sobre a desistência de João Doria (PSDB) da disputa eleitoral, Bolsonaro afirmou que “não fazia diferença” e que não acredita no espaço para a terceira via. ”Ele estava na casa de 1%. Eu acho que o eleitor que decide, está polarizado. Dificilmente teremos terceira via”, afirmou.

Já sobre sua posição nas intenções de voto, o atual Bolsonaro disse que não acredita nos resultados. A última pesquisa do Datafolha apontou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece com 48% das intenções, enquanto o atual presidente tem 27%. “Seu eu acreditasse em pesquisas, nem iria ao segundo turno. No meu entender existe algum interesse disso tudo. Por isso lutamos dentro do TSE para que as eleições sejam realizadas sem sombra de irregularidade”, afirmou Bolsonaro.

O cientista político Pedro Mundim afirmou que o debate é uma etapa importante do processo eleitoral. “Em uma eleição se espera que os proponentes participem dos debates justamente porque é uma outra forma, além das campanhas e coberturas de imprensa, do eleitor ter contato com as ideias dos candidatos e com as propostas e pensamento”, afirmou.

Do ponto de vista estratégico, Mundim afirmou que não comparecer em debates pode ser eficaz para candidatos que apresentam bons índices nas intenções de voto, pois assim não correriam o risco de perder eleitores ou serem rechaçados pelos adversários. No entanto, a expressividade do atual presidente nas intenções de voto não é alta o suficiente.

“Como o Bolsonaro está atrás [de Lula], seria interessante para ele participar do debate para tentar ‘ferir’ o ex-presidente Lula. Só que, nesse caso, ele vai tomar ‘pancada’ também”, ponderou o especialista.  “Para os  candidatos que estão muito à frente dos demais é racional não participar de debate, porque, em tese, você vai pro debate e todo mundo vai te atacar, então a tendência é perder voto. Se você não vai, a tendência é uma crítica aqui e ali, mas não perde voto e o dano é mais controlável”, completou.