Depois de perder as eleições para o presidente Lula (PT), Jair Bolsonaro transferiu R$ 800 mil para um banco nos Estados Unidos. A transferência ocorreu pouco antes da viagem do ex-presidente para o país, em dezembro de 2022.

De acordo com investigações da Polícia Federal (PF), o envio do dinheiro era para que o ex-presidente se mantivesse no exterior enquanto uma tentativa de golpe de Estado se desdobrava no Brasil e, se necessário, se instalar no exterior para se precaver de um inquérito pela conspiração de ruptura do Estado Democrático de Direito.

A queda do sigilo bancário revelou que a operação de crédito foi feita em 27 de dezembro de 2022. “Evidencia-se que o então presidente Jair Bolsonaro, ao final do mandato, transferiu para os Estados Unidos todos os seus bens e recursos financeiros, ilícitos e lícitos, com a finalidade de assegurar sua permanência do exterior, possivelmente, aguardando o desfecho da tentativa de golpe de Estado que estava em andamento”, diz o documento da PF.

Ainda segundo a corporação, os recursos financeiros podem ter origens “ilícitas ou lícitas”, tendo em vista a suspeita de que parte do montante tenha sido acumulado com o “desvio de bens de alto valor patrimonial entregues por autoridades estrangeiras”.

Operação

A Operação Tempus Veritatis da Polícia Federal foi deflagrada na quinta-feira, 8, com o objetivo de investigar suposta organização criminosa que teria atuado na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. O grupo criminoso, segundo a PF, tinha o objetivo de obter vantagens políticas com a manutenção do então presidente da República Jair Bolsonaro no poder. A operação foi desencadeada após Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, firmar um acordo de colaboração premiada com os investigadores da PF.

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Além de Bolsonaro, alguns dos seus principais aliados políticos e ex-ministro também estão sob investigação. A operação ocorreu em vários estados do País, incluindo Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e Distrito Federal.

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Os alvos incluíram o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, o ex-ministro da Casa Civil Walter Souza Braga Netto, o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres.

Entre os presos estão Felipe Martins, coronel do Exército Marcelo Costa Câmara e o major Rafael Martins de Oliveira, ambos ex-assessores especiais de Bolsonaro. O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, também foi preso por porte ilegal de arma durante a operação.

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