“Bloquear um tigrinho por dia”: bots de jogos de azar atormentam usuários nas redes

20 junho 2024 às 18h28

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A expressão matar um leão por dia foi atualizada por “bloquear um tigrinho por dia” nas redes sociais diante de um massivo ‘ataque’ de bots de perfis que passou a seguir usuários na web. Desde a semana passada, usuários têm relatado um aumento de diversas contas ligadas ao Fortune Tiger, conhecido popularmente como jogo do Tigrinho, com a promessa de ganhar bônus para utilizar na plataforma de azar e estratégias para lucrar com as apostas.

O “jogo do tigrinho” é um cassino on-line famoso que promete ganhos financeiros. O jogo funciona a partir de uma aposta e o jogador precisa fazer uma combinação de três figuras iguais nas três fileiras que aparecem na tela.
Na plataforma Reclame Aqui, consumidores relatam falta de suporte e cumprimento de promessas de bônus e dificuldades para resgatar ganhos. “Ao invés de liberar pra sacar o app fica pedindo pra eu depositar cada vez mais”, comentou um usuário. Outro problema informado pelos usuários é o sumiço do saldo após ganhos nos jogos.
O ‘Tiginho’ também utiliza influenciadores digitais para cooptar novos usuários. A estratégia consiste em fornecer contas “viciadas” aos parceiros que gravam vídeos onde sempre ganham as apostas.
No ano passado, diversos influenciadores foram presos durante operação que investigava a divulgação de jogos de azar por meio das redes sociais. Durante o cumprimento dos mandados de prisão e apreensão, os investigadores encontraram veículos e itens de luxo na casa das subcelebridades.
Discussão sobre jogos de azar
Historicamente, o Brasil tem uma longa tradição de proibir a maioria das formas de jogos de azar. O Decreto-Lei nº 9.215, de 30 de abril de 1946, proibiu a exploração de jogos de azar em todo o território nacional. Essa proibição foi reforçada pelo Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941, conhecido como Lei de Contravenções Penais, que classificou os jogos de azar como uma contravenção penal.
No entanto, recentemente, houve uma mudança significativa na postura do país em relação aos jogos de azar. Em 19 de junho de 2024, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou uma proposta que legaliza os jogos de azar no Brasil, incluindo bingo, jogo do bicho e cassinos. O projeto de lei recebeu 14 votos a favor e 12 contrários e agora segue para o plenário do Senado para votação final.
O projeto propõe a criação de regras para a exploração e mecanismos de fiscalização e controle dos jogos, além de estabelecer a tributação das casas de apostas e dos prêmios. Também define uma série de direitos aos jogadores e estipula que somente maiores de 18 anos poderão participar dos jogos. A operação dos jogos de azar deverá seguir uma série de critérios, como valores mínimos de capital da empresa e comprovação de origem lícita dos recursos. Além disso, somente empresas com sede no Brasil poderão operar as jogatinas, que estarão permitidas em locais previamente autorizados.
Se aprovado, o projeto revogará a proibição de 1946 e trechos da Lei de Contravenções Penais, permitindo assim a prática e exploração de jogos de azar no país. O governo também poderá criar uma agência reguladora para definir os processos de licenciamento, fiscalização e autorização de exploração dos jogos.
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