Neopeemedebista abriu o jogo a amigos e aliados próximos sobre a retirada de sua pré-candidatura. Jornal Opção consultou diversas pessoas ligadas a ele para reconstruir o cenário de sua jogada de toalha e as projeções futuras desse fato político que marcou o PMDB goiano

Foto: Fernando Leite/ Jornal Opção
Registro do dia 16 de abril de 2013, data em que Júnior Friboi anunciou que se filiaria ao PMDB em 15 de maio, às 15h, em referência ao número do partido Foto: Renan Accioly/ Jornal Opção

Passado o impacto de dois recuos em pré-candidaturas ao governo pelo PMDB goiano, o Jornal Opção Online conseguiu reunir informações de aliados e amigos próximos de Júnior Friboi quanto aos bastidores da jogada de toalha do empresário e também acerca dos planos futuros dele dentro da legenda. O neopeemedebista, que deixou a presidência do PSB para filiar-se ao principal partido oposicionista em Goiás –– numa suposta chegada pelo alto que desagradou parte da base peemedebista goiana, leia-se a irista ––, esbanjava convicção quanto ao processo eleitoral do qual pretendia ser o cabeça de chapa, mas num ato súbito, em uma carta regada a rancor, abriu mão do projeto.

Júnior Friboi contou a amigos que não pretende deixar o PMDB. Ao contrário do que chegou a ser ventilado, seus planos voltam a todo vapor em 2015, quando pretende candidatar-se a presidente do partido em Goiás e, em 2018, disputar o governo. Para Júnior, não passa de vingança contra o atual governador o projeto de Iris Rezende, tendo dito a aliados que o pleito que se aproxima será “sanguinário.”

Leia a seguir passo-a-passo dos caminhos que resultaram no recuo, segundo relatos do próprio empresário a seus aliados. Alguns fatos narrados são de conhecimento geral, visto que a imprensa está ávida pelo desenrolar desta que é tida como a maior crise interna do PMDB de Goiás, cujos impasses internos são históricos, Mas há informações novas que revelam mais o clima com que se deu os novos rumos que o PMDB passa a tomar a partir do afastamento de Friboi. A reportagem decidiu publicar as informações na ordem cronológica dos fatos para facilitar o entendimento.

–– Em dois momentos Júnior conversou com Iris Rezende sobre seu interesse ao governo de Goiás. Na primeira, ele disse para que Iris fosse o mais sincero possível, já que estaria deixando o PSB, partido no qual tinha total controle e sairia tranquilamente candidato ao governo. Junto com seu pai, que é amigo de longos anos de Iris Rezende, Iris disse que não seria candidato. Foi quando Júnior decidiu sair do PSB e trabalhar por sua pré-candidatura pelo PMDB, partido que realmente acreditou em seu projeto.

–– Quando Iris se lançou pré-candidato ao governo de Goiás, Júnior foi ao escritório dele perguntando o porquê da pré-candidatura, já que ela havia garantido que não iria disputar o governo. Ele somente respondeu que estava atendendo um pedido da população. No entanto, o que Iris Rezende não quer aceitar, porque há muito tempo não percorria o interior do Estado, é que os prefeitos, os parlamentares do partido e, o mais importante, a população, não querem mais ele como candidato. Isso não é por temerem a derrota de Iris Rezende para Marconi Perillo, mas porque não se identificam mais com a política dele para Goiás.

–– Antes de anunciar a saída da disputa pela vaga ao governo no PMDB, Iris Rezende disse a Júnior que ele deveria ser o candidato à vice em sua chapa. Júnior reiterou que não desistiria do processo para governador.

–– Iris, então, anunciou o fim de sua pré-candidatura, Júnior intensificou suas articulações para a montagem da chapa, quando o grupo de Iris também intensificava as críticas ao empresário. Sabendo que Iris iria retornar com sua candidatura, Júnior foi mais uma fez ao escritório político do líder peemedebista (como registrado pelo Jornal Opção Online) e solicita a antecipação da convenção para o dia 15 de junho. Iris mantém a sua posição quanto à data para, somente, dia 30. Júnior, então, revela que não tinha como mais avançar na candidatura porque as articulações politicas que estava montando tinham parado. As pessoas não sabiam mais com quem conversar dentro do PMDB. Ele, então, chamou Iris para ser candidato ao Senado. E Iris foi peremptório: “Ser o seu candidato ao Senado, e ser rotulado que me vendi para você?” Júnior, então, ouviu pela primeira vez, diretamente de Iris Rezende, as críticas que o líder e seu grupo diziam contra ele para outras pessoas. Foi quando Júnior percebeu que deveria sair do processo. Não avisou ao Iris, tanto que este foi pego de surpresa sobre sua decisão.

–– Júnior sabe que iria derrotar Iris Rezende na convenção do partido, no entanto, ele ponderou: “Para um projeto dessa importância, o governo de Goiás, não se pode ir com o partido dividido, e pior, com seus principais integrantes se destruindo, dando munição para adversário”. Júnior sempre afirmou, que seu projeto para Goiás não era pessoal, e sim um projeto para o crescimento e desenvolvimento desse Estado para o qual ele acreditou que poderia fazer a diferença. Ao contrário de Iris Rezende que só tem um projeto pessoal para Goiás, que é derrotar o governador Marconi Perillo. Iris exala ódio pelo governador, e essa não é a política que ele queria praticar em Goiás.

–– Para Júnior, essa eleição, com Iris e Marconi, será sanguinária. De baixo nível. Nenhum projeto para Goiás, somente ataques. Ele também considera que Iris Rezende, mais uma vez, irá perder, porque não irá contar com o apoio do partido, nem com os outros pré-candidatos [Vanderlan Cardoso (PSB) e Antônio Gomide (PT)].

–– Sobre Duda Mendonça, havia um contrato de risco que foi cancelado. Sobre os candidatos a deputados estaduais e federais que contavam com seu apoio, Júnior conversou com cada um deles, explicou as razões que o levaram a desistir do processo e eles concordaram.

–– Quanto ao futuro, Júnior, ao contrário das especulações, não irá deixar o partido. Agora, ele pretende assistir à “mortal guerra” entre Iris e Marconi, para depois, em 2015, disputar a presidência do diretório estadual do PMDB e voltar a construir sua candidatura ao governo em 2018, quando não terá mais nem Iris Rezende e nem Marconi Perillo.

–– Sobre as denúncias envolvendo a JBS que teriam ajudado na desistência dele do processo eleitoral, amigos de Júnior garantem, definitivamente, que isso não interferiu. E que Júnior também sabe que a entrega do material sobre a dívida da JBS com o governo de Goiás não partiu de Iris Rezende e, sim, do governador Marconi Perillo. Tanto que a empresa irá entrar com processo de indenização contra o Estado, já que por ser uma empresa de mercado aberto seu sigilo fiscal tem que ser preservado. Além disso, segundo aliados de Júnior, essa dívida não existe, pois está sendo discutida em juízo e que até o momento a empresa estaria ganhando.

–– Por fim, ainda com os aliados de Júnior, o empresário está se sentindo aliviado e feliz. Porque, segundo eles, Júnior saiu do processo sem grandes desgastes, e o mais importante manteve até o fim o mesmo discurso, “a mesma verdade”.