Steve Bannon, um dos principais ideólogos da direita populista global e ex-assessor de Donald Trump, afirmou em entrevista ao portal UOL que o ex-presidente dos EUA “está muito aborrecido” com o processo contra Jair Bolsonaro (PL).

Trump teria sido informado sobre o caso e avalia como “inaceitável” o julgamento do ex‑presidente brasileiro. Segundo Bannon, “em algumas semanas” será anunciada uma sanção financeira ao ministro do STF Alexandre de Moraes, relator dos principais processos contra Bolsonaro.

O ex-assessor destacou que Trump surpreendeu a todos ao gastar parte de sua intensa agenda política para divulgar a “declaração mais contundente do segundo mandato”, postando em sua rede social Truth uma mensagem robusta em defesa de Bolsonaro.

No texto, Trump afirmou que o brasileiro estaria sendo “perseguido” e que o processo tem caráter político, além de criticar Moraes por tentar impedir Bolsonaro de concorrer novamente. “Ele perdeu a eleição, mas vocês estão tentando julgá-lo para que ele não possa voltar a concorrer quando está ganhando nas pesquisas”.

Bannon destaca que o post de Trump envia um recado claro ao judiciário brasileiro e ao ministro Moraes: “Trump jogou com força. Ele disse: ‘Isso é totalmente inaceitável’”, defendendo que disputas políticas devem ocorrer nas urnas, não nos tribunais.

Ele ressaltou que tanto Trump quanto o movimento MAGA acompanham o caso com atenção, e que há dezenas de pessoas no Executivo e no Congresso trabalhando em possíveis sanções. Segundo Bannon: “Acredito que isso virá em semanas”.

Quando questionado se as sanções citadas seriam previstas na Lei Global Magnitsky, Bannon confirmou, mas ressalvou que “não fala por Trump” — essa lei pode incluir bloqueio de vistos, congelamento de bens e restrições financeiras nos EUA.

Ainda em maio, o então Secretário de Estado Marco Rubio já havia sinalizado no Congresso a “grande possibilidade” de medidas contra Moraes. Bannon afirmou que conversou diretamente com Rubio, além de ter discutido o tema com Trump durante um almoço.

O discurso de Bannon também critica o governo Lula, que considera as sanções um ataque à soberania brasileira, mas segundo ele “é ridículo — amamos o Brasil e queremos ajudar”. Ele comentou que a pressão política global é intensa, com crises na Ucrânia, Oriente Médio e falta de prioridade para o Brasil, mas reforçou que o país é estratégico para Trump e para a direita internacional.

Bolsonaristas nos EUA, incluindo Eduardo Bolsonaro (então deputado federal licenciado) e Paulo Figueiredo, atuam desde 2023 por punição a Moraes. Eles veem nisso um elemento chave para fortalecer a candidatura de Eduardo em 2026, potencialmente viabilizada por um retorno ao Brasil com sanção já aplicada.

Bannon afirmou apoiar “100%” Eduardo e apontou que pesquisas ainda o colocam atrás de Tarcísio de Freitas e do próprio Bolsonaro. Sobre o atual presidente Lula, Bannon declarou que “não está mais na sua melhor fase”, comparando-o a Biden, que não buscou reeleição por motivos de saúde.

Lembrou que Lula terá 80 anos em 2026 e o associou a uma estratégia de manter Bolsonaro fora da disputa — embora os julgamentos sejam de competência do STF, de caráter independente. Segundo ele, Moraes “não vai escapar impune” pelo que considera uma perseguição política.

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