Autorização para uso emergencial da Butanvac deve ser pedida em novembro

14 agosto 2021 às 09h30

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Cinco outros projetos para desenvolver um imunizante nacional contra a covid-19 também estão adiantados

Atualmente, existem mais de dez projetos em andamento em todo o país para desenvolver um imunizante nacional contra a covid-19. A expectativa é de que já no ano que vem o Brasil possa contar com pelo menos uma vacina desenvolvida e produzida em solo nacional. A produção no País é importante por baratear custos e dar autonomia, além de favorecer o desenvolvimento de tecnologia brasileira.
Aquele mais próximo da conclusão é a Butanvac, já em teste em seres humanos. Cinco outros também estão adiantados. Os produtos da UFRJ, da UFMG e da USP de Ribeirão Preto aguardam autorização da Anvisa para início dos testes clínicos, seguidos pela candidata da UFPR.
Segundo a repórter Roberta Jansem, do Estadão, os desenvolvedores da Butanvac acreditam que sua autorização para uso emergencial será pedida em novembro. Com uma tecnologia originalmente desenvolvida nos Estados Unidos, o imunizante usa o vírus inativado da doença de Newcastle (que acomete aves) para levar a proteína spike do novo coronavírus para dentro do organismo.
A Coppe/UFRJ também desenvolve um imunizante contra a covid-19, a UFRJvac. A vacina é baseada na tecnologia da proteína recombinante, usada, por exemplo, nas vacinas contra a hepatite B e contra o HPV. Por isso, acreditam, dificilmente apresentará algum efeito colateral inesperado. No caso da covid-19, os cientistas criaram em laboratório uma cópia da proteína spike do Sars-CoV2, presente nas espículas que recobrem o vírus. Ao receber o imunizante, o organismo “aprende” a reconhecer a proteína, preparando-se para combater uma eventual infecção.
A tecnologia usada na vacina da UFRJ permite também que sejam feitas adaptações (com relativa facilidade) na cópia da proteína spike usada na formulação do imunizante, de acordo com as mutações apresentadas pelas variantes do Sars-CoV2. O produto em desenvolvimento pela UFMG e pela Fiocruz-MG, a SpiN-TEC, também é baseado na tecnologia da proteína recombinante. Os pesquisadores usaram uma bactéria comum modificada geneticamente. Ela recebeu partes do genoma do Sars-CoV2 para que conseguisse produzir proteínas do novo coronavírus. Quando injetada no organismo humano, a quimera induz a resposta imune. Por usar duas proteínas do vírus, a vacina seria capaz de driblar mais variantes.
E a vacina que a USP de Ribeirão Preto desenvolve com a Farmacore, a Versamune, também usa uma proteína recombinante do SarS-CoV2. Neste caso, no entanto, ela é empacotada em uma nanopartícula que estimula as células T do sistema imunológico. Segundo a Farmacore, vacinas que usam a mesma tecnologia geram imunidade por até 12 anos. Ainda não se sabe se o mesmo efeito será alcançado para o coronavírus. Ainda sem um nome definitivo, a vacina da Universidade Federal do Paraná também usa proteínas virais recombinantes. São carreadas por biopolímeros biodegradáveis. É uma tecnologia nova, também desenvolvida na UFPR. Os biopolímeros absorvem as proteínas do Sars-CoV2. Mimetizando o vírus, carregam-nas para dentro do organismo.