O Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (DenaSUS), vinculado ao Ministério da Saúde, realiza nesta segunda-feira, 26, uma visita técnica a três maternidades públicas de Goiânia — Dona Iris, Nascer Cidadão e Célia Câmara — como parte de uma auditoria nacional que investiga denúncias de desassistência, cortes orçamentários e superlotação nas unidades.

A inspeção, conduzida pelo diretor do DenaSUS, Rafael Bruxellas, e uma equipe técnica do ministério, irá se complementar com uma coletiva oficial à imprensa para divulgar os objetivos da auditoria, ações em andamento e próximos encaminhamentos técnicos e institucionais.

A auditoria foi autorizada em abril, após pedido formal encaminhado pela vereadora Aava Santiago (PSDB) ao Ministério da Saúde. A parlamentar justificou o requerimento com base em diversos relatos de precarização do atendimento, superlotação, fechamento de leitos e alteração no perfil assistencial das unidades. 

Pouco antes da visita do DenaSUS, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) anunciou mudanças no funcionamento das maternidades públicas. A principal alteração diz respeito à Maternidade Célia Câmara, que deixará de atender casos de urgência. A unidade passará a concentrar seus atendimentos em procedimentos ambulatoriais e obstétricos de menor complexidade. Como consequência, a sobrecarga dos atendimentos emergenciais será transferida para as duas outras unidades vistoriadas: Dona Iris e Nascer Cidadão.

Entenda a crise nas maternidades

A situação atual na saúde ocorre em um contexto de crise financeira nas unidades, todas sob gestão da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc). Segundo dados oficiais, as maternidades geridas pela Fundahc são responsáveis por aproximadamente 60% dos partos realizados em Goiânia. Apesar da retomada parcial dos pagamentos desde o início da gestão do prefeito Sandro Mabel (União Brasil), os atrasos acumulados ainda comprometem o pleno funcionamento dos serviços essenciais.

A própria decisão de realizar uma visita presencial, segundo o Ministério da Saúde, foi motivada pelo agravamento das denúncias e pela confirmação de mudanças nos contratos firmados entre a Prefeitura de Goiânia e a Fundahc. De acordo com a nova proposta da Secretaria Municipal de Saúde, o valor destinado às três maternidades será reduzido de R$ 20 milhões para R$ 12,3 milhões mensais. 

Além da reestruturação da Célia Câmara, a SMS informou que o laboratório de análises clínicas passará a operar exclusivamente na Maternidade Dona Iris. Já os exames de tomografia realizados na rede municipal serão concentrados na própria Maternidade Célia Câmara, que manterá esses procedimentos mesmo com o fim do atendimento de urgência. 

Ao longo do dia, a equipe do DenaSUS visitará presencialmente as três unidades e durante a coletiva marcada para o fim da inspeção, o DenaSUS detalhará os parâmetros técnicos da auditoria, explicará os critérios utilizados nas avaliações e apontará eventuais medidas emergenciais ou estruturantes que poderão ser recomendadas ao município.

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