Audiência pública para combate ao preconceito aos LGBTQIA+ será realizada na Câmara Goiânia
06 julho 2021 às 13h03
COMPARTILHAR
Evento foi idealizado pelos vereadores Mauro Rubem (PT), Aava Santiago (PSDB) e Marlon (Cidadania) após acalorado debate ocorrido em plenário na última terça-feira, 29
Audiência pública idealizada pelos vereadores Mauro Rubem (PT), Aava Santiago (PSDB) e Marlon (Cidadania) será realizada na próxima quinta-feira, 8, às 11 horas, na Câmara Municipal de Goiânia, com a intenção de ampliar a conscientização e o combate ao preconceito contra a comunidade LGBTQIA+. Inicialmente, o encontro não estava programado na agenda de eventos realizados em homenagem o Dia do Orgulho LGBTQIA+, mas foi visto como necessário devido ao debate realizado na Casa na última semana.
Isso, porque um dia após o Dia do Orgulho LGBTQIA+, comemorado na segunda-feira- 28, a sessão plenária da Câmara Municipal foi marcada por intensas discussões entre os parlamentares. Por quase uma hora, como foi mostrado pelo Jornal Opção, onze parlamentares se manifestaram acerca do assunto após Thialu Guiotti (Avante) usar a tribuna com o intuito de repudiar a campanha da franquia Burger King.
Durante a semana, os debates se estenderam para além do plenário e se mantiveram firmes nos bastidores da Câmara para que o caso chegue ao Ministério Público, com a intenção de repreender algumas das falas expressas na ocasião. O vereador Marlon, inclusive, chegou a convidar a advogada especialista em Direito Homoafetivo, Familias e Sucessões, Priscila de Sá, para usar a tribuna livre e discorrer sobre o assunto, na última quinta-feira, 1. No entanto, assim como nesta terça-feira, 6, a sessão foi suspensa por falta de quórum.
Para o vereador petista, o fato de, na semana anterior, os parlamentares terem passado quase uma hora repudiando a campanha que “mostrava a existência de famílias homossexuais”, mostra que “nós temos um problema sério no Brasil: a discriminação da orientação e da identidade sexual, de raça e gênero das pessoas”. O evento contará com especialistas, militantes da causa e com a presença de diversos segmentos, com a intenção de promover o “conhecimento e o respeito”.
“As famílias homossexuais existem, mas o vereador não quer que mostre. Assim é a solicitação violenta do preconceito que alimenta o que o brasil é hoje: um dos países mais violentos contra mulheres, negros e LGBTQIA+”, ponta Mauro Rubem.
A vereadora Aava Santiago (PSDB), emocionada ao relembrar a situação, lamenta o fato de os colegas terem utilizado a tribuna para, “entre outras barbaridades, dizer que homossexuais não são normais”. O episódio, para ela, consiste em um flagrante processo de desumanização e até em um atentado contra a existência humana e contra a garantia das liberdades individuais. “Não imaginava que precisássemos fazer essa audiência pública de redução de danos até a termos essas falas na tribuna. Percebermos que, se vereadores, que são servidores públicos mantidos com dinheiro do contribuinte, se sentem à vontade para falar isso no parlamento, significa que a gente tem um desafio gigantesco na nossa cidade”, justifica a vereadora.
“A violência é muito cara, e se ela é cara e repetitiva, tem muita gente que financia a violência. Então temos que cortar esse financiamento, seja com o corte do dinheiro propriamente dito ou das ideias. Esse é o propósito: fazer com que Goiânia, no mínimo, não seja preconceituosa ou LGBTQIA+fóbica, porque é assim que estamos vendo as instituições”, conclui Mauro Rubem.