Atriz da TV Globo revela que é bissexual. “Estou me assumindo porque estou exausta”
13 agosto 2014 às 11h36
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“As pessoas costumam assumir o seu amor e não a sua sexualidade. Não as julgo. Mas eu aqui estou me assumindo, não porque esteja apaixonada e nem mesmo porque esteja procurando um amor para o momento. Não é o caso, definitivamente. Estou me assumindo porque estou exausta. Pra mim já deu”, desabafou
Rotular uma pessoa é uma tentativa de compreender, mas não raro acaba por se tornar um exercício de simplificação. Segundo o pai da psicanálise, Sigmund Freud, um indivíduo pode ser múltiplo, inclusive na área da sexualidade, mas cria-se uma camisa de força para tentar explicá-lo: heterossexual, homossexual e bissexual. O resultado são caricaturas que não apreendem o âmago do ser. O bissexual provoca um estranhamento duplo. Há quem sugira que se trata de um homossexual que, ao se dizer bissexual, busca tangenciar sua homossexualidade. Há quem avalie que, sim, é possível a existência de seres humanos que sentem prazer no ato de relacionar-se com homens e mulheres. A bissexualidade, constatam os sexólogos, é um fato — não é uma ficção para esconder alguma coisa. A atriz de novelas Alessandra Maestrini, uma bela ruiva de 37 anos, concedeu entrevista à revista “Caras” e escreveu um texto no qual admite que é bissexual. Ela atuou na novela “Toma lá dá cá”, na qual fez a personagem Bozena.
“Sou artista, boa parte dos meus amigos é artista, ‘mente aberta’ como eu, a imprensa sempre me trata com o carinho e discrição que eu gostaria e, ainda assim, eu estou exausta. Exausta de não me sentir amada incondicionalmente. Exausta de não me permitir amar e ser amada como devo e como mereço. Exausta de me sentir rejeitada e, é claro, especialmente por mim mesma. Exausta de assumir uma posição superficial sobre tantos assuntos para ‘não me expor’”, escreveu, num desabafo lancinante, Alessandra Maestrini.
No seu texto, Alessandra Maestrini afirma que não se sente envergonhada de ser bissexual. Se é assim, decidiu não esconder mais o que é, na sua integralidade. Na verdade, orgulha-se do que é, mas não do que não é. É como estivesse juntando pedaços de si mesma e dizendo: “Sou isto tudo e quero ser vista assim”. Nas entrevistas aos jornais e revistas, ela omitia os romances com mulheres. “Por isto que sempre que alguém me perguntava em entrevistas se eu estava solteira ou namorando, como costumeiramente eu estava sempre namorando alguma mulher que não só não queria se assumir como, boa parte das vezes, apesar de já está há meses me namorando e declaradamente apaixonada dizia ‘não se considerar gay’, eu respondia: ‘Estou feliz’. E imediatamente ficava orgulhosa do drible elegante… e drenada por sublinhar mais uma vez minha cumplicidade à escolha de envergonhar-me de ser quem sou e de viver o que vivo. Boa parte das vezes, a melhor maneira de piorar um problema é contorna-la ou, mais objetivamente, fingir que ele não existe”, frisa a atriz.
“A cada esquina que viro, pessoa que conheço, desde o fã que me cumprimenta até o médico com quem me consulto, tenho que me perguntar se tal pessoa é confiável e/ou compreensiva o suficiente para que eu possa me expressar sem camuflar o fato de que sou bissexual”, afirma Alessandra Maestrini. “As pessoas costumam assumir o seu amor e não a sua sexualidade. Não as julgo. Mas eu aqui estou me assumindo, não porque esteja apaixonada e nem mesmo porque esteja procurando um amor para o momento. Não é o caso, definitivamente. Estou me assumindo porque estou exausta. Pra mim já deu.” Não deixa de ser curioso, porém, que, na sua fala, Alessandra Maestrini deixe escapar sua preferência por mulheres, o que não significa, claro, que não possa ser, como diz que é, bissexual.
Nascida em Sorocaba (SP), Alessandra Maestrini atuou em musicais e em três novelas (como “Tempos Modernos”, de 2010). Atriz trabalhou em “A Ópera do Malandro”, “Rent” e “7”. Atuou no quadro “Correio Feminino”, do “Fantástico”.