Greice Guerra

Desde que assumiu a presidência dos EUA pela segunda vez, Donald Trump com suas imposições tarifárias e ao mesmo tempo recuo das mesmas mundo afora, vem acarretando intensa volatilidade aos mercados globais e quedas das bolsas mundiais, inclusive as americanas. Diga-se de passagem, quedas em Wall Street, nunca vistas desde o subprime americano em 2008 e a eclosão da pandemia em 2020.

Comportando-se como se fosse um “player” e utilizando a força da economia americana para impor seu tarifaço, principalmente à China, seus parceiros comerciais de longa data, onde o as relações comerciais com os mesmos demoraram décadas para solidificarem-se, e afrontando o presidente do Federal Reserve (Banco Central Americano), desqualificando-o e alegando que este não é mais o “Chair” do FED e exigindo que Powell abaixe a taxas de juros de qualquer forma, o mundo sente os reflexos econômicos diariamente, fato que agrava a hostilidade externa e a incerteza, provocando fuga de capitais dos EUA e desvalorização do dólar, uma vez que os investidores globais defazem-se dos ativos americanos e refugiam-se no ouro, prata, cobre e platina.

Os contratos futuros do ouro atingiram recentemente US$3.500,00 a onça Troy, novo recorde desde o início do ano, fato que comprova a insegurança dos investidores mundiais e a hesitação em permanecerem posicionados na moeda americana.

Ao observar e sentir as reações do mercado financeiro e dos agentes econômicos mundiais, e dos empresários nacionais e internacionais, Trump retrocede imediatamente suavizando o tom para com o presidente do FED, alegando que não irá demiti-lo, como se fosse assim tão fácil demití-lo, e também meio que recua na imposição das tarifas ao gigante asiático afirmando um possível diálogo, onde o presidente da China nega tal fala de Trump.

Realmente todo este cenário é um” player “onde a característica diária nos mercados globais é a volatidade, e as consequências já começam a acontecer. Apesar da maior parte das tarifas impostas por Trump terem sofrido suspensão por 90 dias, a taxa universal de 10% e as tarifas sobre as importações de alumínio, aço e automóveis permanecem em vigor, bem como as elevadas taxas sobre os produtos chineses. Desta forma, vários setores estão sendo atingidos com a elevação de preços, pois esta Guerra Comercial vem elevando os custos, além de causar rupturas nas cadeias de suprimentos.

Várias empresas que operam no mundo, como a Pepsico, Nestlé, Unilever e outras similares, já anunciaram redução de seus resultados. A Boeing também alertou que o tarifaço de Trump a forçará buscar mercados alternativos. Na China, várias fábricas iniciaram a desaceleração em suas produções, uma vez que houve redução na demanda de produtos que vão desde jeans até eletrodomésticos.

É uma Guerra Comercial onde todo o mundo perde!

Assim sendo, observa-se que se Trump almeja “Make the great América again”, traduzindo:” Fazer a América crescer novamente”, vale mencionar que toda nação é coparticipante da economia mundial, ainda mais em um mundo tão globalizado quanto o atual. A troca de bens e serviços e fatores de produção, bem como a intermediação de recursos financeiros não se processa, apenas nos interiores das economias, elas tendem a se realizarem também a nível internacional. A realidade demonstra economias cada vez mais abertas e voltadas para o setor externo.

Isoladamente, as economias dificilmente conseguem atingir níveis globais de eficiência e crescimento econômico.

Deste modo, o tarifaço de Trump pode acarretar um efeito contrário ao do seu slogan de campanha presidencial que foi “Fazer a América crescer novamente”, pois nenhum País é uma ilha! E, caso haja insistência em tal fechamento, os EUA podem enfrentar uma recessão e ainda provocar uma recessão econômica global, já que este País possui a maior economia mundial, onde a humanidade de um modo geral empobrecerá!

Assim sendo, fica a pergunta que não quer calar: Até onde irá Donal Trump? São as incertezas da Era Trump.

Greice Guerra é Economista/Operador e gestor de bolsa de valores/Renda variável/ Mercado de capitais/Analista e grafista-mercado