À frente do PSDB nacional desde novembro do ano passado, Marconi Perillo, enfrenta novas “provações” dentro da legenda tucana. É claro que, uma vez que o ex-governador de Goiás está como dirigente do partido no País, as adversidades inerentes ao tucanato agora extrapolam os limites de seu estado.

Em São Paulo, maior reduto eleitoral do Brasil, Perillo tenta solucionar o que pode ser um de seus maiores desafios como presidente nacional do PSDB até agora. Isso porque a sigla estaria preocupantemente dividida em relação à candidatura do apresentador jornalístico José Luiz Datena, e a situação teria piorado após a famigerada cadeirada em Marçal.

A candidatura de Datena enfrentou empecilhos desde o início, isso é fato. Em julho, militantes tucanos promoveram uma confusão com vistas a tentar evitar o lançamento do apresentador como candidato. Conforme o próprio Marconi Perillo na época, o tumulto teria sido liderado pelo então presidente do PSDB na capital paulista, Fernando Alfredo, apoiador do prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes.

“Fernandão”, como é conhecido, chegou a ser expulso da legenda. O partido declarou, na ocasião, que a expulsão de Fernandão aconteceu “após minuciosa análise dos procedimentos que tramitavam internamente contra o filiado por desrespeito a diferentes disposições estatutárias”.

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Conforme apurado pelo jornalista Pedro Venceslau, colunista de política da CNN, o partido seguiria dividido entre a ala pró-Nunes, formada principalmente por tucanos ainda presentes na Prefeitura de São Paulo – alguns que estão lá desde a gestão de Bruno Covas – e a ala pró-Datena. No entanto, segundo o colunista, a tendência é que, caso Datena não chegue ao segundo turno (possibilidade altamente provável que se concretize), Perillo não imporá ao partido o apoio do PSDB a nenhum candidato, deixando livre a escolha.

A quase mil quilômetros de distância, em Goiânia, a preocupação do ex-governador também tem origem em um jornalista. Conforme levantamento do instituto Opção Pesquisas divulgado nesta semana, o candidato tucano à Prefeitura de Goiânia conta, hoje, com somente 5,5% das intenções de voto, ficando atrás de Sandro Mabel (25,7%), Adriana Accorsi (22,4%), Vanderlan Cardoso (20,3%) e Fred Rodrigues (11%). Ou seja: tecnicamente falando, seria preciso uma reviravolta notável para colocar Ribeiro no segundo turno.

Os números tímidos do PSDB na pesquisa do pleito municipal, destaca-se, não se devem ao nome escolhido – visto como uma das apostas de renovação do PSDB, Matheus Ribeiro é jovem, enérgico e eloquente, tem postura republicana e propostas atraentes -, mas sim ao encolhimento da legenda e perda de força na capital nos últimos anos. Vale lembrar que o PSDB tem, hoje, apenas um representante na Câmara Municipal (Aava Santiago, que, inclusive, tem grandes chances de ser reeleita), caminha com chapa pura nas eleições deste, principalmente devido à ausência de alianças, e, nacionalmente, ainda aposta em uma retórica que não funciona mais.

Como disse o cientista político Guilherme Carvalho em entrevista recente ao Jornal Opção, Marconi Perillo ainda tenta, mesmo depois de tantos anos, “fustigar o PT nacional”, emulando uma versão do bolsonarismo – movimento esse que já tem dono. Ou seja: o ex-governador tenta trazer de volta uma velha polarização PT x PSDB que fez muito sucesso nos anos 90 e 2000, mas que já não existe mais.