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Cineasta diz que público está menos receptivo a filmes reflexivos, e lembra de Cristiano Araújo. “Nunca tinha ouvido falar e umas 50 mil pessoas foram ao enterro do cara”

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Arnaldo Jabor em entrevista coletiva, durante a 17ª edição do Fica | Foto: Sarah Teófilo

Sarah Teófilo
Da Cidade de Goiás

O cineasta e jornalista Arnaldo Jabor criticou neste sábado, durante o Festival Internacional de Cinema Ambiental (Fica), o que ele chamou de “ascensão do mau gosto”. “Existem esses Sertanejos porcarias, e um comentário de que tudo que critica é elitista. É uma ascensão do mau gosto”, afirmou.

A crítica do cineasta teve início em relação ao cinema brasileiro, e ao espaço reservado para produções mais comerciais — e rentáveis –, em detrimento dos filmes mais reflexivos. O jornalista ainda lembrou do cantor goiano Cristiano Araújo, morto em um acidente de carro no último mês de junho. “Eu nunca tinha ouvido falar nele, e foram umas 50 mil pessoas ao enterro. Quem é esse cara?”, disse.

O jornalista citou o Sertanejo, mas as críticas foram de forma geral a todo tipo de produção massificada. De acordo com o cineasta, tudo se massificou. “O show de qualquer babaca enche”, garantiu.

Jabor, que está com dois filmes na mostra paralela do festival — “Tudo bem” e “A suprema felicidade” –, afirma que o cinema tem explorado filmes mais comerciantes, mostrando o pior lado do espectador.

A questão econômica é o motivo maior desta mudança, conforme o cineasta. Por serem filmes que vendem, tomam conta do circuito comercial, e vão para cartaz — mas não estimulam o pensamento do público. “E existe uma recepção maior do público. Esses filmes, como os do [Fábio] Porchat, não tem reflexão alguma”, e completou: “Hoje as pessoas não querem pensar.”

Como exemplo, cita filmes como “Velozes e furiosos”, em que um plano dura alguns segundos. “A pessoa quer sair, ver filme, comer e dormir.” Arnaldo Jabor ainda disse em entrevista que, com o foco no dinheiro, está ocorrendo uma “imbecilização do cinema”. “O cinema brasileiro está aleijado”, afirma, explicando que o cinema no Brasil está em uma corda bamba e não é visto como algo de necessidade.