Localização da representação da genitália masculina no cérebro foi detectada em 2005, mas isso ainda não tinha sido feito com mulheres até o momento

Estudo publicado pela revista científica JNeurosci esta semana mostra que, pela primeira vez, pesquisadores conseguiram definir a localização da área do cérebro que corresponde ao clitóris das mulheres. De acordo com os dados levantados, também foi possível concluir que o local ativado durante a estimulação do clitóris é ainda mais extensa em mulheres que fazem mais sexo.

O estudo foi realizado com a estimulação dos clitóris de 20 mulheres saudáveis entre 18 e 45 anos enquanto essas passavam por uma ressonância magnética de seus cérebros. Segundo os pesquisadores, um dos objetivos do estudo é colaborar com o desenvolvimento de tratamento para pessoas que sofreram violência sexual ou possuem problemas sexuais.

Isso, porque quando uma parte do corpo é afetada, a atividade neuronal do córtex somatossensorial é ativada, já que cada parte do cérebro representa uma parte diferente do corpo, formando um tipo de massa corporal. Até o momento, contudo, a localização precisa da genitália feminina no cérebro ainda era debatida.

No entanto, ainda não é possível saber se, por exemplo, se é o tamanho dessa área que leva uma pessoa a fazer mais sexo ou se a maior quantidade de sexo aumenta o tamanho da área. Também não se sabe se uma área maior permite uma melhor percepção das sensações.

Ainda assim, a professora de psicologia médica do Hospital Universitário Charité em Berlim, que é co-autora do estudo, Christine Heim, explicou à AFP que a falta de conhecimento tem impedido o desenvolvimento de pesquisas sobre comportamentos sexuais padrão e condições patológicas. “A forma como os órgãos genitais femininos estão representados no córtex somatossensorial humano é muito pouco estudada”, acrescenta.

Para realizar a estimulação, foi utilizado um pequeno objeto redondo criado especificamente para a pesquisa. O objeto que jogava jatos de ar foi inserido na lingerie na altura do clitóris, de modo que uma pequena membrana começava a vibrar levemente.

Estudos anteriores chegaram a localizar a representação do clitóris perto de onde é representado o pé ou o quadril, pelo fato de que técnicas de estimulação imprecisas (sejam próprias ou de terceiros) causavam um atrito simultâneo de outras partes do corpo ou desencadeavam a excitação, que também impedia a precisão dos resultados. A localização da representação da genitália masculina no cérebro foi detectada em 2005, através de uma técnica que imitava uma sensação tátil altamente localizada.