Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte estão entre Estados afetados por enchente, agravada em 20% por mudanças climáticas

As mudanças climáticas impulsionadas pelas ações humanas proporcionam um aumento na intensidade das chuvas que atingem o Nordeste brasileiro. Segundo pesquisadores, sem o aquecimento global, os eventos ocorridos seriam 20% menos intensos.

As informações são de estudos do World Weather Attribution, divulgados esta semana. A pesquisa foi realizada por cientistas de Brasil, Reino Unido, Holanda, França e Estados Unidos.

Apesar de o período ser tradicionalmente considerado temporada de chuvas na região, de acordo com a pesquisa “esses eventos, agora, são mais prováveis de acontecer do que teriam sido em um clima que não tivesse sido aquecido pelas atividades humanas”. Sem o aquecimento global, as precipitações teriam sido um quinto menos intensas.

A situação é grave: segundo levantamento da Defesa Civil dos estados, mais de 70 mil pessoas foram obrigadas a deixar seus lares. No Rio Grande do Norte, choveu o esperado para o mês de julho inteiro em quatro dias. Alagoas, no entanto, é o estado com a situação mais preocupante no momento, com mais de 56 municípios em situação de emergência.

Situação tende a se agravar

O cenário havia sido anunciado no último relatório Mudanças Climáticas 2022: Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade, do Painel Intergovernamental de Mudança do Clima (IPCC), divulgado no início deste ano.

Entre as conclusões do estudo, a população afetada por enchentes e deslizamentos de terra no Brasil pode dobrar, ou até triplicar, nas últimas décadas, em um cenário de aquecimento global de 1,5ºC. Atualmente, o planeta já aqueceu 1,1ºC em relação aos níveis pré-industriais.