Aprendizagem pode ter tido prejuízo de 72% durante ensino remoto, segundo estudo
14 janeiro 2021 às 07h00

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Pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV) revelou que educação brasileira pode retroceder até quatro anos nos níveis de aprendizagem
Uma pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV), encomendada pela Fundação Lemann, revelou que a educação brasileira pode retroceder até quatro anos nos níveis de aprendizagem por causa da necessidade de suspensão das aulas presenciais na pandemia e da dificuldade no acesso ao ensino remoto.
O cenário apresentado é considerado o pior cenário, no qual os estudantes não teriam aprendido o conteúdo durante o ensino remoto. Esse impacto é maior entre negros e alunos com mães que não concluíram o ensino fundamental.
A partir de dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), foi simulada uma perda equivalente ao retorno à proficiência brasileira na avaliação de quatro anos atrás em língua portuguesa e de três anos em matemática, do 5º ao 9º ano do ensino fundamental, em um cenário chamado de pessimista.
Na estimativa intermediária, os componentes curriculares teriam uma queda equivalente ao retorno à proficiência brasileira de três anos atrás.
Mesmo no cenário otimista, em que os alunos teriam aprendido por meio do ensino remoto tanto quanto aprendem no presencial, a educação também pode ter perdido três anos em língua portuguesa.
Prejuízo
Em outro modelo de apresentação dos dados, o estudo apontou que tanto alunos dos anos finais (do 5º ao 9º) do ensino fundamental quanto aqueles do ensino médio podem ter deixado de aprender o equivalente a 72% do aprendizado de um ano típico, em língua portuguesa e matemática, considerando o pior cenário.
No cenário intermediário, o percentual ficou em 34% e 33%, respectivamente. Considerando o cenário otimista, a perda no aprendizado ficaria em 14% e 15%.
“A simulação mostra que, dependendo da qualidade do ensino remoto e do nível de dedicação dos estudantes, ele pode reduzir até substancialmente esse prejuízo com o fechamento das escolas, mas não substitui a escola, você vai continuar tendo um prejuízo”, disse o diretor de Políticas Educacionais na Fundação Lemann, Daniel de Bonis.
(Com informações da Agência Brasil)