Mencionado em uma nota de repúdio publicada pelo PL de Goiás e de Goiânia contra o Major Vitor Hugo na última terça-feira, 18, o vice-governador Daniel Vilela (MDB) também decidiu se manifestar sobre o caso cuja repercussão, segundo ele, o deixou “muito surpreso”. De acordo com o emedebista, o encontro entre o ex-presidente Jair Bolsonaro, Major Vitor Hugo e ele – que causou o aborrecimento de Wilder Morais e Gustavo Gayer, dirigentes do PL em Goiás e Goiânia – tratou-se de um evento natural na boa política que, conforme Vilela, tem como base “o diálogo e o bom senso”.

O vice-governador demonstrou estranhamento com o que chamou de “necessidade de um partido de se manifestar por meio de uma nota por uma simples visita a um líder político”, visita essa em que, segundo Vilela, teve como resultado “uma conversa muito agradável”. “Fora da política e, lógico, falamos sobre a política também. Fizemos uma leitura do cenário estadual, disse a ele sobre a grande liderança que o governador Caiado tem hoje e que foi demonstrada nas urnas também”.

Para o emedebista, justamente a dimensão do capital político e eleitoral de Ronaldo Caiado não teria sido “muito bem colocada para o presidente Bolsonaro no momento da eleição municipal, porque se tivesse sido de forma verdadeira, ele não teria se exposto como se expôs aqui na eleição”.

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“Se o PL tivesse aceitado mais diálogo com nossa base política, com o governador Caiado, o resultado teria sido diferente. Teríamos comemorado a vitória juntos, em Goiânia inclusive”, ponderou, no que seria uma crítica velada a Wilder Morais, que teria os diálogos com base governista durante as eleições.

Vale destacar que, após as eleições municipais, diz-se que tanto Wilder Morais quanto Gustavo Gayer teriam ficado “queimados” com Jair Bolsonaro, representante mais proeminente do PL, após, supostamente, terem levado ao ex-presidente a ideia distorcida de que a eleição do então candidato à Prefeitura de Goiânia, Fred Rodrigues, estava garantida.

O ex-chefe do Executivo federal comprou a propaganda, marcando presença ferrenha na campanha do candidato, mas a realidade foi outra: Fred foi derrotado, e o núcleo estadual do PL que bancava seu nome saiu enfraquecido.

Ainda no vídeo publicado hoje, Daniel Vilela ressaltou que o encontro serviu, também, para debater, junto a Bolsonaro, a construção de “um cenário de unidade do campo do centro e centro-direita, pensando no País e nos projetos nacionais”, além de evidenciar, conforme o vice-governador, o respeito que o ex-presidente tem pelo governador e vice-versa.

O vice de Caiado ainda teceu elogios a Vitor Hugo, a quem se referiu como uma pessoa “altamente preparada e reconhecida em Brasília pela sua capacidade de articulação política e capacidade intelectual”. “É alguém que eu admiro. Um dos grandes quadros políticos do Estado e do País”, afirmou, mencionando, também, o nome de Vitor Hugo como um dos que mais acreditaram, ao seu lado, no projeto de Márcio Correa para Anápolis. “O que vimos que foi confirmado nas urnas”.

Entenda o caso

O diretório estadual municipal do Partido Liberal, o PL, divulgaram, na noite desta terça-feira, 17, uma nota de repúdio contra Major Vitor Hugo, ex-deputado federal e vereador eleito pelo partido. Conforme a nota, Vitor Hugo teria, de forma unilateral, deflagrado uma “articulação para aproximar a sigla ao projeto do atual vice-governador e pré-candidato” ao governo de Goiás, Daniel Vilela, indo contra a posição do PL, que terá candidato próprio nas próximas eleições.

Conforme a nota, “atitudes como essa não representam os propósitos partidários da sigla, mas sim interesses pessoais de um filiado que possui pretensões claras de viabilizar sua candidatura ao Senado sem o aval da agremiação, de modo que não serão toleradas novas condutas de igual teor”.

“O Partido Liberal informa que não autorizou o filiado a estabelecer diálogos com seus adversários em âmbito estadual, visto que é de conhecimento público e notório que o PL terá candidato próprio a governador”, afirma a publicação nas redes sociais da legenda.

Em resposta, Major Vitor Hugo, vereador mais votado de Goiânia neste pleito, divulgou um vídeo, nesta quarta-feira, 18, no qual rebate os argumentos da nota, de que ele estaria estabelecendo diálogos com o adversário – no caso, o vice-governador Daniel Vilela (MDB) – sobre os projetos políticos de 2026 sem aval da legenda, e diz não precisar “de autorização de ninguém” para articular reuniões do ex-presidente Bolsonaro com agentes políticos de Goiás.

E ainda contesta: “O Wilder Morais ainda não é o candidato do PL [para o governo em 2026]. Nem se sabe se o partido terá candidato”.