Após reunião com secretários, Mabel diz que trabalha para a abertura de 30 novos leitos de UTI de imediato
25 novembro 2024 às 18h00
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O prefeito eleito de Goiânia, Sandro Mabel (UB), se reuniu na tarde desta segunda-feira, 25, com os secretários estadual e municipal de Saúde, Rasível Santos e Wilson Pollara, para tratar da crise de falta de UTIs em Goiânia. Nos últimos dias, ao menos quatro pessoas morreram aguardando leitos de Terapia Intensiva na capital.
Em coletiva de imprensa, Mabel afirmou que a principio a intenção é a abrir de forma imediata ao menos 20 leitos de UTI na capital. “Estamos agindo em três frentes, gestão atual, próxima gestão e gestão estadual para suprir a necessidade da capital. Isso significa a abertura imediata de 20 leitos e nos próximos dez dias novos leitos deverão ser abertos diariamente. O número de leito a serem abertos imediatamente pode subir para 30, caso a Santa Casa abra mais 10 leitos e, caso necessário, teremos como abrir até 40 leitos”, explicou.
De acordo com o prefeito eleito, ainda não se tem certeza da dimensão do rombo financeiro na Saúde da capital. Porém, a equipe de transição já trabalha para garantir o pagamento de fornecedores para manter o funcionamento de hospitais, Cais e UPAs de Goiânia. “A partir de primeiro de janeiro, mesmo o que for faturado em dezembro, será pago pela Prefeitura com ajuda do Estado. Os fornecedores poderão voltar a trabalhar dentro de uma normalidade. Estamos combinando contratos para que, caso seja preciso, haja uma redução de preço do serviço para que possamos vencer o caos. O rombo financeiro estamos averiguando para tentar ver condições de pagar”, disse.
Outra forma de diminuir a demanda por UTIs, segundo Mabel, é aumentar a atenção à Saúde básica na capital. “Vamos contratar equipes de saúde da família e colocar para funcionar. Vamos rastrear todo mundo que precisa de atenção básica antes que o problema cresça a ponto de esses pacientes precisem de UTI. Isso é uma gestão que tem que ser feita. Muitas vezes a pessoa tem pico de pressão que pode chegar em um AVC e essa pessoa terá que ocupar um leito de UTI. Vamos monitorar tudo para que isso não aconteça”, continuou.
A crise
A reunião desta segunda-feira, 25, foi motivada pela falta de vagas de Unidade de Tratamento Intensivo nas unidades de saúde de Goiânia, o que tem levado à morte de pacientes na espera por leitos. Apesar disso, diversos outros setores da pasta acusam crise.
A Saúde em Goiânia já vem sendo alvo de críticas da imprensa há meses. Poucas ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) rodando na capital, anestesistas em greve devido às condições de trabalho e atrasos nos repasses para as principais maternidades de Goiânia são algumas das polêmicas envolvendo a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia e seu titular, Wilson Pollara.
Agora, a situação se agrava já que, na última semana, pacientes começaram a morrer na espera por vagas na UTI, apesar de, em alguns casos, já existir decisão judicial determinando que o poder público encontrasse alternativa no Sistema Único de Saúde (SUS) ou que arcasse com os gastos do leito na rede privada.
Segundo o secretário Estadual de Saúde, Rasível Santos, a crise foi causada por “falta de credibilidade”. “Quando começamos a ter esses problemas acabamos inflacionando o mercado e o leito acaba ficando mais caro. Às vezes, o hospital acaba tendo mais dificuldade para gerar leitos e, outro problema que agrava, é a falta de medicamentos na atenção primária. Isso faz com que a doença agrave e aumente o tempo de permanência de pacientes nas UTI’s”, explicou.
“Vamos sanar esses problemas de credibilidade com a ajuda do Governo de Goiás. O governador Ronaldo Caiado tem a credibilidade de nunca atrasar pagamentos e não fazer nenhum compromisso que o governo não possa cumprir. Traremos essa credibilidade para a Saúde de Goiânia junto ao próximo prefeito”, continuou.
A “falta de credibilidade” citada por Rasível já havia sido mencionado pelo secretário Municipal de Saúde, Wilson Pollara. Durante sua fala no início da reunião, Pollara afirmou que a a “Prefeitura está sem credibilidade financeira” como uma das justificativas para o colapso notado na questão das UTIs na cidade.
Pollara também destacou como “honrosa” a postura do prefeito eleito, Sandro Mabel, que se comprometeu a buscar soluções antes mesmo de assumir o cargo oficialmente em 2025. “É uma atitude de muita honra e demonstra preocupação genuína com a população de Goiânia. Assumir essa responsabilidade 35 dias antes da posse é algo digno de reconhecimento”, disse.
Em nota enviada ao Jornal Opção, a SES-GO afirmou que a responsabilidade “pela gestão dos leitos municipais e conveniados” é do município e que a falta de leitos não é do Estado, que tenta suprir como pode a carência da capital e, por isso, acaba se sobrecarregando. “A falta de leitos em Goiânia resulta na sobrecarga da regulação estadual, quando as solicitações extrapolam a capacidade municipal”, afirmam.
De 2018 para cá, a SES-GO cumpriu com sua função de aumentar o número de leitos disponíveis em UTI, diferentemente da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS). “A rede estadual de saúde disponibilizava, em 2018, 212 leitos de UTI Adulto e, em 2024, são 575, com a ampliação de 171% por parte do Estado”, explicam.
Porém, dados apresentados por Rasível mostram a redução no número de leitos de UTI em Goiânia nos últimos anos. Em 2022, havia 186 leitos financiados pelo estado e município; em 2024, o número caiu para 118.
Rasível alertou sobre as consequências desse cenário: “A superlotação nos hospitais faz com que os pacientes fiquem internados e levem mais tempo, criando um ciclo vicioso de agravamento das condições de saúde”. Ele também ressaltou a necessidade de melhorar a gestão dos leitos existentes, reduzindo o tempo de permanência e ampliando o giro dos pacientes.
A crise na saúde de Goiânia não se limita à oferta de UTIs. Greves de anestesistas, falta de insumos e condições precárias de trabalho são apenas alguns dos sintomas de um sistema à beira do colapso. Sandro Mabel terá a missão de resgatar a confiança dos prestadores de serviços, renegociar dívidas e implementar melhorias que atendam à crescente demanda por serviços de saúde na capital.
Rasível dos Santos também destacou a necessidade de ações preventivas, como o fortalecimento da atenção primária para evitar agravamentos de casos que poderiam ser tratados antes de chegar às UTIs. “Estamos diante de uma demanda maior do que a capacidade do sistema, o que exige medidas estruturantes”, concluiu.
Rombo financeiro e frustração
O secretário Municipal de Saúde, Wilson Pollara, afirmou que não tem um número exato do tamanho do rombo financeiro da saúde da capital. Esse número, no entanto, teria caído nos últimos meses. “Quando assumi a pasta peguei R$ 265 milhões em dívidas. Hoje esse número é bem menor mas não consigo especificá-lo”, disse.
“Não me deram dinheiro para fazer o necessário, e não posso culpar o prefeito Rogério Cruz e nem a administração anterior. Os problemas começaram muito antes, inclusive, da gestão Rogério Cruz. Foram compromissos assumidos acima da capacidade de pagamento que se refletiram nas gestões seguintes, tanto na do Durval quanto na minha. Recebi um rombo grande na saúde e realmente fiquei frustrado com isso. Muita coisa deveria ser feita e não pôde ser”, completou.
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