Imbróglio diz respeito aos próximos passos dos vereadores emedebistas na Câmara, haja vista que, apesar do racha, muitos possuem relacionamento amistoso com o prefeito e até então seguiam como seus fieis defensores. Daniel Vilela garante que não haverá pressão por parte da alta cúpula do partido, mas alerta: “Se acharem que devem manter as relações eles terão que arcar com as consequências, sejam elas positivas ou negativas”

Plenário da Câmara Municipal | Foto: Felipe Cardoso / Jornal Opção

Após o rompimento entre o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos) e o MDB — sigla que encabeçou a disputa municipal que tornou Rogério prefeito da capital —, uma das principais incógnitas diz respeito à composição dos vereadores emedebistas em relação a base do prefeito na Câmara Municipal de Goiânia.

O partido conta com vasta representatividade no Parlamento, além de integrantes que possuem uma consolidada relação com o prefeito. No entanto, após a decisão sacramentada do time emedebista ao resolver entregar os cargos na prefeitura, a relação talvez não continue tão amistosa.

Logo após o encontro realizado na manhã desta segunda-feira, 5, para comunicar a renúncia dos ainda nomeados, bem como o racha com a gestão, o presidente estadual da sigla, Daniel Vilela esclareceu que a decisão de compor ou não a base do prefeito caberá aos vereadores.

Segundo ele, o partido não irá pressioná-los a tomar nenhuma decisão. “Os vereadores possuem sua legitimidade e sabem diferenciar a atitude dos secretários das atitudes deles próprios. Se acharem que devem manter as relações [com o prefeito] eles terão que arcar com as consequências, sejam elas positivas ou negativas. Não cabe ao partido designar”, disse o líder emedebista.

Quanto à postura partidária, Vilela disse que haverá, em breve, uma reunião entre as lideranças que decidirão, em conjunto, o próximos passos da sigla. No entanto, estimou não enxergar outro caminho senão o de compor o time de oposição ao prefeito. “Por seus integrantes, acredito que não teremos outro caminho a não ser o de assumir uma oposição. Mas uma oposição inteligente, construtiva”

Segundo o presidente, a decisão é difícil e deverá ser tomada sob um “sentimento doloroso”. “Não era esse o combinado. Tínhamos pela frente a defesa de um projeto muito bem construído. Mas infelizmente o prefeito tomou outro rumo, interrompeu o diálogo conosco e passou a tomar decisões de forma a nos sugerir a ideia de que não queria ter o MDB ao seu lado”, pontuou.

Errou?

Ao ser questionado se o MDB errou ao escolher o vice-prefeito para a disputa encabeçada por Maguito nas eleições 2020, Daniel disparou: “Não imaginávamos que passaríamos por uma tragédia como a que passamos. Talvez o erro dos políticos seja escolher o vice pensando nele como um bom vice e não como um possível titular”.

Já o ex-secretário de Planejamento e Habitação, Agenor Mariano, foi mais além: “Decepções nós temos na vida até com os nossos filhos. As vezes nós, na condição de filhos, trazemos muitas decepções aos nossos pais ou a quem mais amamos na vida. A vida é um desafio constante e precisamos entender que traições e decepções existem. Mas continuaremos nossa vida acreditando na moral e ética das pessoas. Demos um voto de confiança e acredito, até o momento, que erramos”.