Foi preciso que Trump prometesse o “inferno como jamais se viu” para que, finalmente, o Hamas se manifestasse sobre o acordo de paz proposto pelo governo americano para encerrar a guerra na Faixa de Gaza. Por enquanto, o grupo terrorista palestino aceitou apenas dois termos do acordo: libertar todos os reféns israelenses e devolver os cadáveres, além de permitir que a Faixa de Gaza seja governada por tecnocratas. Quanto ao desarmamento e à presença do Hamas no enclave, o grupo afirma que são questões que devem ser discutidas nacionalmente e propôs futuras negociações.

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Comunicado de Donald Trump | Foto: Casa Branca

“Sobre as questões que envolvem desarmamento e a retirada total da Faixa de Gaza, o movimento afirma que concorda com a proposta de Donald Trump para a troca de reféns por prisioneiros palestinos, mas é necessário que se estabeleçam condições práticas no front de guerra para que a troca aconteça efetivamente. Por isso, enfatizamos que estamos prontos para, por meio de mediadores, dar início imediato após fecharmos os detalhes deste termo”, afirmou o grupo.

Mediadores de três países estão envolvidos nas negociações entre Israel e o Hamas, além dos Estados Unidos: Catar, Egito e Turquia. Membros do grupo baseados em Doha afirmaram concordar, em princípio, com o plano Trump, mas indicaram que há um racha na liderança do Hamas que dificulta a aceitação de todos os termos da proposta americana. Desde a morte de Yahya Sinwar, líder político do grupo em Gaza, as decisões são tomadas por um conselho formado por cinco membros, baseado no Catar. O mesmo grupo foi alvo de um ataque israelense ao prédio onde se reúne, em Doha.

O Hamas não esclareceu se cumprirá termos fundamentais para que o acordo entre em vigor, como o desarmamento. O grupo também exige que as datas da retirada de Israel da Faixa de Gaza sejam ajustadas, de modo que possam iniciar quase imediatamente após a libertação dos 48 reféns.

Sobre a entrega de armas, o Hamas afirmou vagamente que concorda apenas com a transferência de armamentos mais pesados para estocagem no Egito e em prédios da ONU, mas insiste em manter sistemas defensivos, como a rede de túneis. No entanto, alguns líderes não concordam com o desarmamento total e preferem manter todos os “equipamentos defensivos” até o estabelecimento do Estado Palestino com Jerusalém como sua capital. O grupo concorda, entretanto, que a administração da Faixa de Gaza seja realizada por tecnocratas palestinos, baseada em consenso nacional e com apoio árabe e islâmico.

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Faixa de Gaza | Foto: Reprodução

“Sobre os outros termos mencionados pelo plano Trump, que dizem respeito ao futuro da Faixa de Gaza e aos direitos legítimos do povo palestino, é necessária uma discussão em nível nacional e em conformidade com as leis e resoluções internacionais”, respondeu o Hamas.

Quando ameaçou “terminar o serviço” iniciado por Israel, Donald Trump deixou claro para o Hamas que queria uma resposta direta, sem aceitar termos vagos sobre o acordo. Ao que tudo indica, foi justamente isso que aconteceu após a manifestação do grupo: com exceção da troca de reféns por prisioneiros palestinos, ainda não está claro se o Hamas vai se render e entregar as armas.

No entanto, assim que o Hamas se pronunciou, o presidente Donald Trump se manifestou pelas redes sociais:

“Baseado na declaração apresentada pelo Hamas, acredito que eles estão prontos para a paz. Israel deve interromper imediatamente os bombardeios em Gaza, para que possamos receber os reféns em segurança e de forma rápida. Neste momento, ainda é muito perigoso realizar essa troca. Estamos prontos para discutir os outros termos do acordo. Isso não diz respeito apenas à Faixa de Gaza, mas está diretamente ligado ao estabelecimento da paz em todo o Oriente Médio.”

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