A operação da Polícia Federal que atingiu dirigentes do BRB e do Banco Master, deflagrada na terça-feira, 18, desencadeou uma nova crise política no Distrito Federal. Deputados distritais de oposição ao governador Ibaneis Rocha (MDB) iniciaram uma articulação para instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar a tentativa de aquisição do Banco Master pelo Banco de Brasília, negócio que havia sido barrado pelo Banco Central em setembro.

O pedido prevê uma CPI com duração de 180 dias e composta por cinco parlamentares. Para ser protocolado oficialmente, o requerimento precisa reunir pelo menos oito assinaturas, o equivalente a um terço da Câmara Legislativa do DF (CLDF).

Dois requerimentos já estão em circulação. O primeiro é assinado pela deputada Paula Belmonte (Cidadania) e endereçado ao presidente da Casa, Wellington Luiz (MDB). O segundo é apresentado pelo bloco PSOL-PT, com as assinaturas de:

  • Chico Vigilante (PT)
  • Fábio Felix (PSOL)
  • Dayse Amarílio (PSB)
  • Gabriel Magno (PT)
  • Max Maciel (PSOL)
  • Ricardo do Vale (PT)

Nos bastidores, deputados de oposição avaliam que a operação da PF criou “ambiente político propício” para a abertura da CPI e elevou a pressão sobre o governo Ibaneis, já que o BRB é uma instituição controlada majoritariamente pelo GDF.

Operação da PF desmonta esquema bilionário

A Operação Compliance Zero apura a venda de títulos de crédito falsos e levou ao cumprimento de:

  • 6 mandados de prisão (4 preventivas e 2 temporárias);
  • Bloqueio de R$ 12,2 bilhões;
  • Apreensão de carros de luxo, obras de arte e relógios;
  • R$ 1,6 milhão em espécie encontrados pelos agentes.

O presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, foi afastado por decisão judicial. O diretor-executivo de finanças e controladoria, Dario Oswaldo Garcia Junior, também foi afastado. No Banco Master, foi preso o dono da instituição, Daniel Vorcaro, além de outros quatro diretores.

Segundo a PF, o Master comercializava CDBs com a promessa de rendimentos até 40% acima do mercado, ganhos considerados irreais e supostamente sustentados por um esquema fraudulento que pode ter movimentado R$ 12 bilhões.

Fundado em 1964, o Banco de Brasília se tornou uma instituição financeira multifuncional em 1991, atuando nas carteiras comercial, imobiliária, de câmbio e desenvolvimento. É uma sociedade de economia mista, de capital aberto, com o Governo do Distrito Federal detendo 71,92% das ações.

Embora focado no DF, o banco expandiu sua rede e hoje possui presença em grandes praças como Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso e Paraíba.

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