Após gestão Iris ignorar recomendação, Crea vai ao MP para garantir diagnóstico do Córrego Botafogo

31 janeiro 2019 às 13h32

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Presidente do Conselho, Francisco Almeida, diz que estudo é fundamental para garantir segurança da via

O presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea), Francisco Almeida, falou ao Jornal Opção sobre a decisão da Prefeitura de Goiânia de não executar o diagnóstico hidrológico da bacia do Córrego Botafogo. O Conselho encaminhou um ofício ao prefeito Iris Rezende (MDB) alertando sobre a necessidade do estudo.
“Os especialistas do Crea já tinham comunicado ao Ministério Público e ao prefeito que era necessário fazer um diagnóstico hídrico e avaliação da estrutura do canal para ver como ele está funcionando, como está sua estrutura de concreto e se ele está em condições de aguentar a quantidade de água que é jogada na Marginal”, afirmou Francisco Almeida.
O canal foi construído há 35 anos e possui uma tecnologia que, segundo o Crea, não se usa mais. A resistência do concreto usado na obra também seria bem diferente da utilizada atualmente, além de ter passado por poucas manutenções.
“Muitas vezes as infiltrações passaram embaixo do canal. Dentro do canal tem muita água de esgoto, que são altamente corrosivas e podem penetrar em sua estrutura causando erosões. Tudo isso precisa ser avaliado por meio de uma radiografia”, explicou o presidente do Crea.
Segundo o Crea, só um diagnóstico poderá apontar quais serviços precisam ser executados para dar segurança por mais 20 ou 30 anos para o canal. O Conselho lembra que a prefeitura já tinha licitado esse estudo e agora decidiu que não quer assinar o contrato.
“Vimos a declaração do titular da Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos [Seinfra], Dolzonan Matos, na televisão e ficamos assustados porque não foi esse o combinado com o MP e solicitado ao prefeito pelo Crea. Eles cumpriram todas as regras, licitaram o projeto e simplesmente recuaram”, pontuou Francisco.
Para ele, a prefeitura diz que obra está pronta, mas só fez curativos. “Esses curativos eram necessários, mas não matou o mal pela raiz. Não adianta fazer uma obturação sem tratar o canal. O estudo é necessário para evitar acidentes e prejuízos”, pontuou.
“Por isso entregamos uma carta ao prefeito solicitando que o contrato seja assinado que se faça o levantamento hidrológico da bacia e da estrutura do canal para chegarmos à solução mais adequada para manter o canal que está localizado em um espaço que recebe mais de 100 mil carros diariamente. Não podemos negligenciar uma artéria de Goiânia”, criticou o presidente do Crea.
À reportagem, Francisco disse que o Conselho tem o dever de proteger a população. Ele justifica o pedido ao prefeito ressaltando que o Crea tem um olhar técnico e por isso pede providências. “Os nossos profissionais sabem que o diagnóstico é necessário”, disse.
O presidente do Crea ainda não obteve resposta ao ofício e irá levar uma cópia do documento ao Ministério Público. “O Crea não quer criticar ninguém. Apenas colaboramos com o desenvolvimento sustentável da cidade. Nossa opinião é totalmente técnica”.