Em nota, a SBI afirma que Ministério da Saúde tem a prerrogativa de seguir ou não as orientações, que são realizadas baseadas nessas evidências científicas e direcionadas para a comunidade médica e não médica

Conhecida como “capitã cloroquina” por defender o chamado “tratamento precoce” contra o coronavírus, um conjunto de medidas sem comprovação científica que inclui o uso de Cloroquina e a Ivermectina, Mayra Pinheiro prestou depoimento nesta terça-feira, 25, na CPI da Covid.

Mayra atua como secretária de Gestão do Trabalho e da Educação no Ministério da Saúde desde a gestão de Luiz Henrique Mandetta. Assim como fez o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, Mayra buscou o Supremo Tribunal Federal para obter um habeas corpus preventivo e poder ficar em silêncio durante seu depoimento.

Durante o depoimento, a Mayra afirmou que o estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) que qualificou a cloroquina como “ineficaz” contra o vírus tem “metodologia questionável”. “Eu mantenho a orientação enquanto médica e que a gente possa usar todos os recursos possíveis para salvar vidas”.

A secretária também rebateu o senador Otto Alencar (PSD-BA) e diz que a cloroquina tem efeito antiviral. Enquanto Mayra disse que existem publicações científicas atestando o efeito desde 2005, o senador Alencar, no entanto, afirmou que o medicamento é um antiparasitário. Segundo ele, não existe nenhuma medicação entre as defendidas por Mayra que possa evitar a contaminação por um vírus.

Diante das declarações, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) esclareceu que se pauta por publicações com nível de evidência reconhecidos pela comunidade científica, “como ensaios clínicos randomizados, duplo-cegos, e que balizaram as recomendações das principais associações médicas e Instituições mundiais sobre o uso de medicamentos, como a cloroquina e ivermectina, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS), Sociedade Norte-Americana de Doenças Infecciosas (IDSA), Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH), Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS) e Sociedade Europeia de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas (ESCMID)”

Segundo a SBI, tais medicamentos [cloroquina e ivermectina] têm sua ineficácia comprovada para o tratamento da Covid-19. No entanto, o “Ministério da Saúde tem a prerrogativa de seguir ou não as orientações da SBI, que são realizadas baseadas nessas evidências científicas e direcionadas para a comunidade médica e não médica.”