Os três nomes da nova equipe econômica de Dilma falaram sobre superávit primário, melhor aproveitamento dos gastos públicos e conversão da inflação

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Foto: Wilson Dias /Agência Brasil

O ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Thomas Traumann, anunciou, na tarde desta quinta-feira (27/11), três nomes para a equipe econômica de seu governo.

O ex-secretário do Tesouro Nacional Joaquim Levy será o novo ministro da Fazenda. Ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, vai assumir o Ministério do Planejamento. Alexandre Tombini, atual presidente do Banco Central (BC), permanece no cargo. Após o anuncio, eles conversaram com a imprensa.

Joaquim Levy diz que meta de superávit primário em 2015 será 1,2% do PIB

O futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse que a meta de superávit primário corresponderá a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB), no próximo ano. O superávit primário é a economia de recursos para pagar os juros da dívida pública e permite a redução do endividamento do governo em médio e longo prazo.

Segundo o futuro ministro, em 2016 e 2017, o setor público se comprometerá com uma meta de esforço fiscal de pelo menos 2% do PIB, que é necessário para assegurar a continuidade da redução da dívida líquida do setor público em relação ao PIB. Levy, no entanto, reconheceu que é impossível alcançar esse nível de esforço fiscal já no próximo ano. “Em 2015, a melhora do superávit primário alcançada não deve permitir chegar ao valor de 2% do PIB. Deve-se trabalhar com meta de 1,2%, na forma das estatísticas do Banco Central. Para 2016 e 2017, a meta não será menor que 2% do PIB”, explicou.

O futuro ministro comprometeu-se a ser transparente na divulgação dos dados das contas públicas. Segundo ele, o acesso pleno às informações facilita a tomada de riscos pelas famílias, pelos consumidores e pelos empresários, principalmente, nas decisões de investimento. “Alcançar essas metas é fundamental para ampliar confiança na economia brasileira. Isso permite ao país consolidar o crescimento econômico e melhorar as conquistas sociais realizadas ao longo dos últimos 20 anos”, disse.

Por causa da queda da arrecadação e do aumento dos gastos, o governo anunciou que a meta de superávit primário, no próximo ano, corresponderá a R$ 10,1 bilhões, em vez da meta original de R$ 80,7 bilhões. A redução do esforço fiscal ainda precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional.

Barbosa diz que trabalhará para melhorar eficiência dos gastos públicos

Indicado para assumir o Ministério do Planejamento, Nelson Barbosa, prometeu atuar em conjunto com a nova equipe econômica do governo para promover o crescimento da economia brasileira com controle rigoroso da inflação, estabilidade fiscal e geração de empregos. “Como desafio mais imediato, trabalharei na adequação da proposta orçamentária de 2015 ao novo cenário macroeconômico e ao objetivo de elevação gradual do resultado primário”, explicou.

Nelson Barbosa disse que dará continuidade à melhoria da eficiência dos gastos públicos, por meio da modernização da gestão. Como novo coordenador dos principais programas de investimentos do governo federal, como o Programa de Aceleração do Crescimento e o Programa Minha Casa, Minha Vida, o futuro ministro disse, ainda, que pretende ampliar as parcerias público-privadas. “Trabalharei especialmente em iniciativas para aumentas as taxas de investimento e a produtividade de nossa economia, de modo a consolidar um crescimento mais rápido da renda per capita com estabilidade monetária”, declarou.

Para isso, Barbosa disse contar com a colaboração do setor privado, de parlamentares, de governadores e de prefeitos. Ainda segundo ele, é preciso desburocratizar e melhorar a qualidade dos serviços públicos prestados à população.

Tombini promete conversão da inflação para o centro da meta

O presidente do BC, Alexandre Tombini, em entrevista coletiva, defendeu as medidas que têm sido adotadas até o momento para controle da inflação. Lembrando mecanismos adotados pelo Banco para supervisionar a possibilidade de choques do sistema financeiro internacional ao mercado interno, manutenção de elevados padrões de estabilidade financeira e programas de ajustes cambiais para proteger agentes econômicos, ele reiterou que trabalhará para que as taxas de inflação se aproximem de 4,5%. A taxa é o centro da meta.

“Em relação ao conjunto das políticas macroeconômicas e dentro do fortalecimento da política fiscal, por meio de processo consistente e crível de consolidação das receitas e despesas rigorosamente conduzido, [esse processo] deverá, ao longo do tempo, facilitar a convergência da inflação para a meta de 4,5% ao ano”, afirmou.

Além disso, ele explicou o quadro da atual política monetária, justificando a adoção de medidas para elevar a taxa de juros. “O patamar elevado da inflação acumulada em 12 meses reflete, em parte, a ocorrência de dois importantes processos de reajustes de preços relativos da economia: o realinhamento dos preços domésticos, em relação aos internacionais, e o realinhamento dos administrados, em relação aos livres”, salientou.

Para o presidente do BC, a política monetária brasileira tem de continuar vigilante, de modo a conter efeitos de segunda ordem sobre preços administrados e evitar que esses ajustes se espalhem para o restante da economia. Segundo ele, as respostas adotadas pela autoridade monetária deverão garantir um cenário de convergência da inflação para o centro da meta, visualizando um horizonte positivo para 2015 e 2016.

“Atuando de forma independente, mas complementar, as políticas fiscal e monetária têm ambiente de estabilidade e solidez do sistema financeiro. Elas serão cruciais para retomada da confiança de empresários e consumidores na economia brasileira”, concluiu. (Com informações da Agência Brasil)