Após acordo, Mitsubishi suspende demissões em Catalão
22 março 2019 às 14h56
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Em contrapartida, trabalhadores sofrerão redução de salário e jornada de trabalho
Após acordo com trabalhadores, a Mitsubishi suspendeu as demissões anteriormente previstas da montadora de Catalão. Em contrapartida, será feita redução de jornada e salários. A decisão foi divulgada nesta sexta, 22, pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Catalão (Simecat).
De acordo com a associação, a medida foi a mais viável para ambos lados, no objetivo de evitar as demissões. Até esta data, a empresa já tinha realizado 130 desligamentos, que se iniciaram com o fim da etabilidade garantida em acordo coletivo de trabalho em janeiro de 2019.
O acordo aprovado nesta sexta, 23, prevê redução mensal de 10% para três dias não trabalhados no mês; 6% para dois dias não trabalhados e 2% para um dia não trabalhado. O acordo garante ainda estabilidade no emprego e vale por 90 dias, podendo ser prorrogado por mais 90, caso seja necessário.
Para o Simecat, o primordial no momento é preservar os empregos. “Esse foi o acordo mais difícil para o Sindicato, porque pela primeira vez tivemos que aprovar, junto com os trabalhadores, uma redução salarial”, explica o presidente Carlos Albino. “Qualquer tanto que tira do trabalhador faz falta, mas uma análise coletiva da situação nos fez lutar pela manutenção dos empregos em contrapartida com a redução de jornada e salário”, lembra. Os descontos serão feitos apenas se houver parada na fábrica.
A empresa ainda sinalizava a possibilidade de demitir mais 200 pessoas. Desde então, a categoria tenta alternativas de negociação com a montadora. Os impasses geraram manifestações na cidade nos últimos dias.
Além disso, houve falas acaloradas na Assembleia Legislativa de Goiás, por parte do deputado Gustavo Sebba (PSDB), que acusou o governador Ronaldo Caiado (DEM) de ser o responsável pela situação, porque sua equipe de transição articulou a redução de incentivos fiscais para 14 segmentos da indústria no fim de 2018, incluindo o Setor Automobilístico.
Mesmo sem a empresa confirmar os motivos para tantas demissões, o sindicato concorda com o deputado de que tenha relação com a redução dos incentivos fiscais instituída pelo Governo do Estado. Segundo a associação, os custos com os novos impostos são de aproximadamente R$ 7 milhões mensais. O valor se aproxima com a folha de pagamento da montadora, que gira em torno de R$ 9 milhões de reais mensais. A queda nas vendas dos veículos da marca também seria um agravante.
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Mobilização
No último dia 12, os metalúrgicos se mobilizaram na porta da fábrica para exigir diálogo e negociação com a Mitsubishi. Já no dia 20, uma primeira proposta foi colocada em apreciação e reprovada pelos trabalhadores, pois o percentual para desconto era bastante alto. Após a perseverança e resistência dos metalúrgicos e do Sindicato, houve avanço positivo na proposta.
Dia Nacional de Luta Contra a Reforma da Previdência
Durante a assembleia desta sexta, 22, os trabalhadores também se manifestaram contra a reforma da Previdência proposta pelo Governo Bolsonaro. A PEC 6/19 prevê que homens e mulheres contribuam por 40 anos e tenham no mínimo 65 anos e 62 anos, respectivamente, para conseguir o benefício integral. Portanto, dificulta o acesso à aposentadoria. Muitos outros pontos da reforma também são extremamente prejudiciais para os trabalhadores e os mais pobres. Atos estão ocorrendo em todo o País para conscientizar a população sobre os perigos da Reforma.
(Com informações da assessoria do Simecat)