Após ação de Daniel Ortega, Brasil expulsa embaixadora da Nicarágua
08 agosto 2024 às 17h09
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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomou a decisão de expulsar Fulvia Castro, a embaixadora da Nicarágua em Brasília, em resposta à medida similar tomada pelo ditador nicaraguense Daniel Ortega, que ordenou a saída do diplomata brasileiro Breno de Souza da Costa de seu país.
Na manhã desta quinta-feira, 8, o chanceler Mauro Vieira reuniu-se com o presidente Lula para definir a resposta brasileira. Seguindo a prática diplomática, foi decidido que a embaixadora nicaraguense deve deixar o Brasil imediatamente.
Fontes do governo confirmam que a expulsão de Breno de Souza Costa na Nicarágua estava em andamento nesta quinta-feira, o que resultou na reciprocidade diplomática por parte do Brasil.
Fulvia Castro havia chegado ao Brasil no final de maio, após uma reestruturação das representações nicaraguenses promovida por Ortega. No entanto, a embaixadora não chegou a ser apresentada oficialmente ao presidente Lula.
Essa decisão marca uma ruptura significativa entre movimentos de esquerda na América Latina. Fontes diplomáticas revelaram ao portal Uol que a expulsão do embaixador brasileiro faz parte de uma estratégia dos sandinistas para impedir que o governo Lula atue como mediador no diálogo entre o regime de Ortega e a oposição.
Oficialmente, a expulsão é atribuída a um desentendimento entre Lula e Ortega devido à pressão do Itamaraty em relação à prisão do bispo católico Rolando José Álvarez, detido na Nicarágua. Contudo, fontes internas afirmam ao portal que a crise tem raízes mais profundas, com o regime nicaraguense buscando congelar as relações com o Brasil para evitar interferências na sua política interna.
Há um movimento internacional que busca posicionar o Brasil como mediador para a redemocratização da Nicarágua, mas Ortega vê essa possibilidade como uma ameaça e tenta deslegitimar o papel do Brasil na região. Observadores nicaraguenses temem que a presença brasileira nas próximas eleições do país em 2026 possa fortalecer a influência do Itamaraty, caso Lula não demonstre apoio claro ao regime de Ortega.
A expulsão da embaixadora Fulvia Castro encerra as tentativas de diálogo entre os dois países, um esforço que vinha sendo mantido mesmo após Ortega visitar o Brasil em janeiro do ano passado. Em ocasiões anteriores, o governo Lula evitou somar-se a críticas abertas ao regime nicaraguense, como a denúncia feita por países latino-americanos na ONU contra violações de direitos humanos cometidas por Ortega.
Apesar de anteriormente tentar manter canais de diálogo, o governo brasileiro mudou sua postura e, no segundo semestre de 2023, aliou-se a uma iniciativa que condena as violações de direitos humanos na Nicarágua. Recentemente, o Brasil juntou-se a um grupo de países que inclui Canadá, Costa Rica, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru e Chile, solicitando a libertação de dissidentes e a aceitação de inspetores da ONU para investigar os crimes cometidos pelo regime de Ortega.
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