Após 125 anos, pássaro que desafiou a extinção retorna triunfante à Nova Zelândia

26 agosto 2025 às 18h57

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Após 125 anos considerado extinto, o tacaé-do-sul, que é uma ave não voadora e símbolo ancestral da Nova Zelândia, protagoniza um dos mais impressionantes capítulos da história da conservação ambiental. Com penas verde-azuladas e uma presença reverenciada pelo povo maori, esse pássaro pré-histórico ressurge como um milagre ecológico e cultural.
Em uma cerimônia carregada de significado espiritual, 18 tacaés foram libertados no Vale de Greenstone, na Ilha Sul, marcando o retorno da espécie ao seu habitat natural. A população total agora ultrapassa os 500 indivíduos, um número impensável há poucas décadas.
Esse feito é resultado de mais de 70 anos de esforços coordenados entre cientistas, ambientalistas e comunidades indígenas. Desde sua redescoberta em 1948 nas montanhas de Murchison, o tacaé-do-sul passou a ser alvo de programas intensivos de reprodução em cativeiro, criação de santuários e controle rigoroso de predadores invasores como furões e gatos selvagens.
Segundo Deidre Vercoe, diretora do projeto Takahē Recovery, o controle de predadores foi essencial para garantir a segurança dos ninhos no solo, que são vulneráveis devido à natureza dócil e à incapacidade de voo da espécie. “A redução significativa desses predadores abriu caminho para a reintrodução segura dos tacaés em ambientes naturais”, afirma Vercoe.
O governo neozelandês também investiu em translocações entre ilhas e técnicas avançadas de reprodução assistida, com o objetivo de formar populações autossustentáveis que não dependam de intervenção humana constante.
Para o povo Ngāi Tahu, o retorno do tacaé-do-sul é mais do que uma vitória ambiental, é uma reconexão com sua herança espiritual. As penas da ave são consideradas taonga (tesouros) e carregam significados profundos na tradição maori.
Estudos indicam que o tacaé-do-sul existe desde o Pleistoceno, tendo resistido a eras glaciais e transformações geológicas. Agora, com o apoio humano, essa espécie tem a chance de continuar sua jornada evolutiva. Não como um vestígio do passado, mas como um símbolo vivo de resiliência e esperança.
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