Supervisor de hidrologia da Saneago vê situação com normalidade. Risco de racionamento ou falta de água é remoto

Reservatório João Leite está em nível crítico. | Foto: divulgação

Aline Carlêto

Gabriela Macêdo

As chuvas do mês de outubro não foram suficientes para que o reservatório João Leite abandonasse o nível crítico. A recuperação do sistema é feita aos poucos, à medida que entra água. O baixo volume aponta que a chuva não chega de forma suficiente à nascente do rio. Mesmo assim, o risco de faltar água ou de racionamento está descartado.

O supervisor de hidrologia da Saneago explicou que a situação é normal para o período. A expectativa é que o reservatório se recupere no final do mês de dezembro, quando as chuvas passam a ser regulares. “Está saindo mais água do que entrando. O espelho d’água é muito grande. Para começar a subir, demora um pouco. Estamos com 73% desde dia 10 de outubro. Há quase um mês o nível está se mantendo”, afirmou Paulo Henrique Almeida.

Segundo o supervisor, em 2020, o nível de água abaixou até outubro, se manteve até dezembro e, por fim, mostrou recuperação até maio. Isso se deve à dinâmica do reservatório, que é influenciado pelas estações do ano. “Quando aumenta a temperatura, há muita evaporação. Foi assim até 15 de outubro. Cai 1% a cada três dias. Quando começa a chover, há uma recuperação, e para de cair tanto”, explicou Paulo Henrique Almeida.

A cota operacional do sistema é de 749 CA (Colunas d’Água). Hoje o reservatório está em 745 CA. De acordo com Paulo Henrique, até 725 CA é considerado dentro da normalidade. Em 2019, a menor cota atingida foi de 746 CA. “Não afeta a população de forma alguma. Não existe risco de racionamento de água. As integrações da Saneago ajudam nisso. A barragem João Leite traz segurança para o sistema”, abrandou o supervisor.

O gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas do Estado de Goiás (Cimehgo), André Amorim, também não vê risco de faltar d’água em Goiânia. “Só faltaria água se parasse de chover. Mas, como estamos vendo que a chuva vai continuar, não vai faltar água. Remotamente, poderia falar nessa possibilidade. Nossa preocupação é para o próximo período, que vai ser intenso”, alertou o meteorologista.

Para o gerente do Cimehgo, a atenção deve ser voltada para os próximos anos. “Um dos problemas é que passamos por um efeito natural de seca. Quando se pega o mapa do Brasil, vemos uma seca extrema no sudoeste goiano. Ela tem acelerado e desacelerado”, apontou André Amorim.

De acordo com o meteorologista, o nível do Meia-Ponte melhorou, apesar das chuvas irregulares. Estima-se que os reservatórios operam em torno de 10% a 12% de suas capacidades. No entanto, neste ano, com as chuvas frequentes, devem ser recuperados. “Como é uma bacia de resposta rápida, a vazão aumenta. Se formos olhar um contexto do estado, outras bacias estão se recuperando”, analisou o gerente do Cimehgo.

Mesmo com as boas previsões para 2021, André Amorim alerta para dificuldades que tendem a se tornar cada vez mais frequentes. As alterações, segundo o gerente do Cimehgo, são vistas ano após ano, em contexto menos isolado. “Plantar errado é prejudicial. O produtor tem de deixar a água escoar para a propriedade. Estamos com chuvas muito irregulares ainda, vivemos o La Niña. Fazer uso racional da água é dever de todos, independentemente de chuva ou estiagem”, observou o meteorologista.