Antonia Fontenelle ataca Erika Hilton com falas racistas e transfóbicas após votação na Câmara

20 julho 2025 às 11h22

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Na última sexta-feira, 18, a influenciadora digital Antonia Fontenelle voltou a ser alvo de críticas nas redes sociais após publicar um vídeo ofensivo contra a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP). O ataque ocorreu depois que a youtuber soube que a parlamentar votou contra o projeto de lei que aumenta penas para crimes hediondos, como estupro, homicídio qualificado e latrocínio. Embora a proposta tenha sido aprovada na Câmara, Fontenelle decidiu usar a decisão de Erika como gatilho para disparar uma série de insultos de cunho racista e transfóbico.
A reação da youtuber foi publicada em suas redes sociais e gerou grande repercussão. No vídeo, Antonia faz referência ao voto de Erika, dizendo: “Entre os votos contrários estão de Erika Hilton, esperar o quê de você, né? Que tinha um nariz desse tamanho [fazendo gesto com o dedo] e um cabelo de preta, que é o que você é, preta, e um discurso mentiroso.” A declaração foi imediatamente interpretada como racista por diversos usuários, ativistas e parlamentares.
Depois, ela continua: “Parem de querer ser brancos e ser loiros porque vocês não são. Você também não é, querida. Por causa desse voto, você, Erika Hilton, é minha inimiga. E a gente vai dar de cara logo, logo. Anota o que eu tô te falando.” A ameaça implícita somada ao tom hostil da fala tornou o episódio ainda mais grave. Portanto, não surpreende que diversos parlamentares tenham exigido providências legais contra a influenciadora.
Antonia prosseguiu com falas ainda mais ofensivas, afirmando que “votar contra pena pra estuprador é um estupro”. Em seguida, reforçou estereótipos racistas ao afirmar: “Você é preta, do cabelo duro, como todos os pretos são. E isso não é demérito. Mas você não quer ser uma preta do cabelo duro, quer ser uma branca loira.” O uso de expressões pejorativas, carregadas de preconceito racial, reacendeu o debate sobre os limites do discurso público nas redes sociais, especialmente por figuras públicas com milhões de seguidores.
Entretanto, não foi apenas o racismo que marcou a fala de Fontenelle. Ao final do vídeo, ela dirigiu um ataque transfóbico direto à deputada, que é uma das primeiras mulheres trans eleitas para o Congresso Nacional. “Só que não é e nunca vai ser. É uma trans que teve a chance de mostrar que poderia ter caráter, independente de ser uma trans ou qualquer outra coisa. Mas você não tem. E eu não sou o Nikolas [Ferreira], se vier pra cima de mim eu puxo a peruca e te deixo careca… Porque, ó, isso aqui é meu [disse, puxando o cabelo] e ninguém vai mudar essa porra.”

As declarações motivaram manifestações públicas de repúdio, inclusive de parlamentares de diferentes partidos. A bancada do PSOL na Câmara afirmou que entrará com representação contra Antonia Fontenelle por racismo e transfobia. Além disso, Erika Hilton se pronunciou em suas redes sociais, dizendo: “Essa senhora cometerá os crimes que bem entender e, como sempre, vai sair impune? Não podemos normalizar esse tipo de violência.”
Vale lembrar que Erika Hilton tem atuado ativamente em pautas relacionadas aos direitos humanos, ao combate à violência de gênero e à proteção da população LGBTQIA+. Em votações como a que motivou os ataques, parlamentares progressistas costumam justificar seus votos com base em estudos que apontam que o aumento de penas, por si só, não reduz a criminalidade e pode até agravar problemas do sistema penitenciário. Ainda assim, essa justificativa foi ignorada por Fontenelle, que preferiu recorrer à ofensa pessoal.

Além disso, a legislação brasileira prevê punições para discursos de ódio, inclusive aqueles realizados em plataformas digitais. Portanto, juristas já discutem se o caso pode ser enquadrado nos crimes previstos na Lei do Racismo (Lei 7.716/1989) e na legislação que combate a transfobia, reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal como forma de racismo desde 2019.
Essa não é a primeira vez que Antonia Fontenelle se envolve em polêmicas. Ao longo dos últimos anos, ela coleciona declarações que geraram controvérsia, processos judiciais e críticas de ativistas e entidades civis. No entanto, o episódio atual levanta novamente o debate sobre a responsabilidade de influenciadores e comunicadores nas redes sociais, principalmente quando seus discursos ultrapassam os limites da liberdade de expressão e adentram o campo do crime.
Ainda que se autodenomine “sincera” e “sem papas na língua”, Fontenelle pode ter ido longe demais desta vez. A depender da mobilização de parlamentares e do Ministério Público, ela pode enfrentar consequências jurídicas sérias por suas falas. Enquanto isso, movimentos negros e LGBTQIA+ organizam campanhas virtuais de denúncia para pressionar as autoridades e exigir responsabilização.
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