A percepção de agentes da Segurança Pública sobre os ataques às escolas é que a forma de divulgação dos atentados mudou. Para o secretário Renato Brum, titular da Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO), o modelo de violência nas escolas foi importado dos Estados Unidos passando por São Paulo, Espírito Santo e Santa Catarina.

“A gente acha que é sazonal e que existem pessoas oportunistas se aproveitando da situação para criar pânico na sociedade”, defende. Se antes a divulgação ficava restrita aos fóruns particulares e às páginas não indexadas (conhecidas como deep web), as ameaças acontecem agora em praça pública. 

Comumente, os autores divulgam seus ataques por meio das redes sociais ou manuscritos. Ataques nas escolas americanas seguem esse padrão que, para o Brum, foi importado para o Brasil e que foi repetido em outros estados que também registraram ataques.

“Gostaríamos de pedir aos pais e professores para confiar na Segurança Pública e nas forças.”, reforça Brum. O Brasil registrou um aumento preocupante de casos de violência no ambiente escolar nos últimos anos.

O governador Ronaldo Caiado lançou nesta sexta-feira o projeto de lei que institui a Política Estadual de Prevenção e Combate à Violência Escolar no Estado de Goiás.

Projeto prevê a punição dos responsáveis e da plataformas que insistir em manter conteúdos que incitem a violência Foto: André Saddi

Mudança e punições

Subprocurador-geral da Procuradoria Geral de Goiás (PGE-GO), Frederico Antunes Tormin, reforça a percepção do secretário. De posse dos documentos, investigações e ocorrências de casos de violência no ambiente escolar em Goiás, ele explica que as ameaças ficaram públicas.

“A gente percebe que as postagens são feitas em redes ostensivas e públicas como Instagram, Twitter, Whatsapp e Facebook. Sabemos que em outros lugares do Brasil, outros meios também são utilizados, mas não tivemos registro aqui”, aponta.

Marco Civil da Internet

Tormin avalia ainda que um novo arcabouço legal pode auxiliar e dar suporte para a responsabilização. No entanto, segundo ele, não se pode esperar para tomar atitudes. “Não é possível que continue se escondendo no princípio da liberdade de expressão para praticar crimes. As empresas alegam que apenas hospedam as postagens. O que não é certo”, comenta.

Governador oficializa medidas

O projeto de lei encaminhado para a Assembleia Legislativa também prevê o atendimento de professores e estudantes por serviço de psicologia, campanhas de combate ao bullying, instalação de câmeras de monitoramento nas unidades e utilização de detectores de metais.

“Essa medida vai dar poder para responsabilizar os pais e se necessário ouvi-los em depoimento e a realização de busca nas residências”, aponta. O governador reforçou ainda a prerrogativa autorizada pelo projeto de lei para revistar as mochilas dos alunos. 

A secretária de Educação Fátima Gavioli disse que a revista deve ser feita pelos coordenadores de período e que não haverá necessidade do profissional abrir a mochila dos alunos. “O aluno vai chegar com a mochila aberta e o coordenador vai poder olhar. É como acontece nas baladas, você chega e abre a bolsa ou a mochila”, analisa.