“Ele [o prefeito] disse pra mim: eu não estou pedindo, você tem que votar a favor”, afirmou o vereador em entrevista a jornalistas

O ex-candidato a vice-governador na chapa de Antônio Gomide (PT) e vereador de Goiânia, Tayrone Di Martino, declarou em sessão na Câmara dos Vereadores nesta quinta-feira (9/10) os motivos que o levaram a deixar o cargo poucos dias antes das eleições. Tayrone afirmou em tom crítico que sofreu  pressões da legenda e até mesmo ameaças por parte do prefeito Paulo Garcia (PT) após votar em desfavor do projeto que altera as alíquotas do Imposto Predial, Territorial e Urbano (IPTU) e do Imposto Territorial Urbano (ITU).

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No púlpito da Câmara, o vereador disse que o início dos problemas, que culminaram em sua saída da chapa, foi a discordância e a “falta de claridade da matéria” que modificava os valores do IPTU e ITU. Tayrone também declarou que no dia da primeira votação foi ameaçado por telefone por Paulo Garcia para que alterasse sua posição. “Ele [o prefeito] disse pra mim: eu não estou pedindo, você tem que votar a favor”, afirmou.

Ainda de acordo com Tayrone as ameaças de Paulo  Garcia continuaram e o prefeito chegou a dizer que iria acabar com sua vida política. “Na mesma data, ele convocou uma reunião com a executiva municipal do PT para deliberar sobre minha saída e a saída de Felizberto Tavares [PT]. Ele chegou a dizer que seria ele ou a gente”, afirmou.

“Depois disso, ainda tive pessoas ligadas a mim demitidas. Não somente pessoas que eu indiquei, mas também pessoas que trabalhavam no Paço Municipal antes de eu entrar no cargo de vereador”, asseverou Tayrone. “Eles tentaram me colocar em uma camisa de força e, agora sim eu irei discutir com a sociedade, sem interesse de partido, de políticos, dialogando sobre os principais temas”, finalizou.

O líder do PT na Câmara dos Vereadores, Carlos Soares, ironizou as declarações de Tayrone comparando sua posição com a de Felizberto — o petista está suspenso da legenda e declarou seu apoio ao governador e candidato à reeleição Marconi Perillo (PSDB). “O correto é assumir as posições. Por isso, eu parabenizo o Felizberto, que foi publicamente e disse que estava do lado do governador. Agora, o companheiro Tayrone sabe as regras do jogo, sabe como funciona o partido. Dentro do PT, se ele quisesse o debate, ele teria proposta, mas nunca fez”, concluiu.

Apoio a Marconi?

Questionado sobre um possível posicionamento em relação ao governo do Estado, Tayrone afirmou que ainda não se decidiu pelo processo eleitoral. “Estou participando de um conflito interno dentro do partido e, portanto, estou vendo o que pode ser feito em relação ao meu mandato e a esta situação”, justificou.

Tayrone negou que os boatos de um apoio à reeleição ao governador de Goiás teriam influenciado nesta decisão. “A última vez que estive com o governador foi em uma reunião com todos os vereadores da Casa para discutir o transporte coletivo. Fora isso, eu nunca tive outro contato. Não tenho amizade, não tenho ligação e não tenho nenhum envolvimento”, argumentou Tayrone.

Destino Político

O vereador não disse sobre seu futuro dentro da legenda. “Eu não digo que irei para oposição, mas também não pretendo continuar nessas condições”, disse Tayrone, quando perguntado se partiria para o lado oposto ao do partido. Sobre seu posicionamento dentro do partido, declarou que espera uma decisão da legenda. “O PT precisa se posicionar, eu sou filiado ao partido e vou fazer todos os debates e movimentações internas, até porque ainda tenho apoio dentro da legenda”, afirmou o petista.

Durante entrevista, o vereador afirmou que surgiram convites para que ele se filiasse a outros partidos. “Tive convites de vários partidos. Por parte do PTB, da Rede Sustentabilidade. Também declararam solidariedade a minha condição o PMDB e o PSDB”, enumerou o político.