Alvo de disputa política e de poder, vaga no STF divide opiniões de senadores goianos
21 julho 2021 às 21h38
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Indicado por Bolsonaro, André Mendonça tem o apoio de Vanderlan Cardoso (PSD) e Luis do Carmo (MDB). Jorge Kajuru (Podemos) diz “radicalmente contra. Meu voto não é credo evangélico”
Com a aposentadoria de Marco Aurélio Mello no Superior Tribunal de Justiça (STF), a vaga disponível na Suprema Corte é alvo de disputa política e de poder. A indicação é do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no entanto, novo ministro precisa passar por uma sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal e ser aprovado pela maioria dos senadores.
O atual Advogado-Geral da União, André Mendonça, é o indicado do presidente para a vaga no STF. Advogado, pastor e ex-ministro da Justiça por um período no atual governo, a indicação de Mendonça cumpre os requisitos buscados por Bolsonaro. O presidente reafirmou várias vezes que sua intenção era encontrar um indicado “terrivelmente evangélico”. Além disso, disse que busca um perfil amigável, com quem tenha uma relação pessoal.
Diante do cenário, o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente da CCJ, tenta impedir a entrada de André Mendonça na vaga. Alcolumbre articula com demais senadores para não aprovarem o nome indicado por Bolsonaro inicialmente. A ideia dele é fazer com que os senadores se empolgam com outra sugestão, o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), atual presidente do Senado.
E, ainda, Alcolumbre tenta viabilizar de “plano B” com a articulação do nome do atual presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins. Forte aliado do deputado federal Arthur Lira (PP-AL), Martins já foi cotado por Bolsonaro e também é evangélico. Mas é ligado a Renan Calheiros (MDB-AL), hoje desafeto do presidente em função da CPI da Covid.
Enquanto isso, André Mendonça continua fazendo campanha pelo cargo de ministro do STF. Na última útlima terça-feira, 20, esteve em Goiânia para encontrar com os senadores Vanderlan Cardoso (PSD) e Luis do Carmo (MDB).
Em vídeo, o senador Luis da Carmo confirmou a visita do advogado-geral da União e o apoio para o postulado à ministro do STF. “Eu tenho um apreço muito grande pelo nome dele [André Mendonça]. Conheço há muitos anos. Um homem direito, de um saber jurídico ilibado e realmente tem um conhecimento grande da Constituição”, disse.
Em seguida, Mendonça se encontrou com Vanderlan Cardoso. Segundo o senador goiano, o advogado, após ser indicado pelo presidente, está visitando alguns estados e aproveita o recesso do senado e para dialogar com os parlamentares. “Sou a favor [de André Mendonça]. Ele pode contar com meu apoio integral. Fui um dos primeiros a manifestar apoio a ele. Ele é muito preparado e de caráter. Atualmente, o STF precisa de quadros assim”.
Sobre a atitude de Alcolumbre, Vanderlan Cardoso diz que não acredita nessa articulação. “Não vejo sinais nenhum. Se tivesse alguma coisa neste sentido o senador Davi com certeza tinha falado comigo ou pedido apoio. Ele não falou comigo e muitos dos meus pares que eu conversei ninguém tocou neste assunto. E eu já firmei meu compromisso com o André [Mendonça]. A indicação é do presidente. E ele é muito querido. Possível que na CCJ terá cerca de 22 votos”, assegurou.
Outro senador goiano, Jorge Kajuru (Podemos), confirma articulação de Davi Alcolumbre, mas diz que não conversou com o colega parlamentar. “Não aceitei conversar. Mas mantenho minha posição. Não apoio o Mendonça. Essa questão religiosa me revolta. Sou radicalmente contra”.
Segundo Kajuru, diferente de outros senadores, irá votar publicamente. E mostrou afinidade com a possibilidade de viabilizar o nome de Rodrigo Pacheco. “É bem-vinda. Ele é como bom mineiro. Ouve todo mundo. Mas é governista. Essa foi a primeira atitude digna do Alcolumbre”.
Sobre Humberto Martins, o senador Kajuru afirma que a proximidade com Bolsonaro pode prejudicar o apoio a ele. “Vejo ele muito ligado ao presidente Bolsonaro. Mas vou discutir e ouvir minha base antes de tomar uma decisão. O único fato concreto é de que o André Mendonça não tem meu apoio. Meu voto não é credo evangélico. Não gosto desse tipo de religião doentia que vende a palavra de Deus”.