Turma de Comunicação Estratégica relata que situação foi constrangedora. Reportagem apurou que orientação teria partido da Reitoria da universidade

Alunos da PUC Goiás comentam cobrança em conversa por WhastApp | Reprodução
Coordenadora avisou que assunto seria tratado em sala | Reprodução

Estudantes do quinto módulo da pós-graduação em Comunicação Estratégica da Pontifícia Universidade de Goiás (PUC Goiás) reclamam de constrangimento que passaram recentemente em sala de aula. Eles relatam que no último dia 20 a coordenadação da quinta turma do curso cobrou em sala as parcelas atrasadas dos alunos. O Jornal Opção apurou que a orientação teria partido da própria reitoria da universidade, por meio da Coordenação de Pós-Graduação Lato Sensu.

Uma pós-graduanda que prefere não se identificar conta  que a situação foi vergonhosa. “Foi lida uma lista de alunos inadimplentes dizendo que estavam atrapalhando o processo administrativo da pós. Nome por nome em voz alta, para toda a sala. Só que tem um detalhe, os alunos não estão devendo, o problema é no sistema da PUC Goiás”, relata. As matrículas dos alunos teriam sido canceladas. A secretaria da instituição foi indicada como fonte da solução do impasse.

“Me diz que direito a coordenação tem de nos expor dessa forma? O mais admirável é uma instituição como a PUC Goiás, defensora dos princípios de cidadania e religiosidade, permitir ou incentivar que seus docentes pratiquem tal ato, causando constrangimento”, lamenta, completando que irá trancar a matrícula. A instituição informou que o caso será averiguado e que desconhece a situação. “A prática não é política da universidade.”

Depois do ocorrido, outros alunos também teriam desistido de continuar na pós, que está no primeiro ano. A turma tem estudantes do interior goiano, como Bela Vista e Caldas Novas, Brasília e Minas Gerais. São dois anos de curso, que foi iniciado em maio. As parcelas mensais custam R$ 371.

“Acho antiético, deveria chamar em particular. Eu estou inadimplente. Mas tem aluno que não está. Teve gente que levantou para falar que aquela situação era ridícula. Isso é feio”, cita outro estudante, que prefere o anonimato. Por enquanto, a fonte diz que pretende continuar no curso.

Quatro dias antes da situação, a coordenadora da pós, a mestre e doutoranda Patricia Quitero Rosenzweig fez publicação em um grupo no Facebook destinado apenas a alunos. “Gostaria que todos chegassem pontualmente às 8h para conversarmos sobre algumas questões importantes: faltas, perdas de módulos, disciplinas por acompanhamento, TCC, orientações, participação de vocês no simpósio e atrasos de pagamento que estão gerando problemas para o lançamento das notas nas pautas.”

Os alunos repercutiram o conteúdo em conversas por mensagem de celular. “Alocka! Além de expor as pessoas, o fez de maneira desnecessária causando o maior constrangimento (sic).”

Outro lado

Em entrevista, Quitero reconheceu a situação e destacou que os alunos a entenderam mal. “Minha preocupação é apenas com eles. Entrei na sala sim e falei. Mas interpretaram de maneira errada. O que queria era que todas as informações da pauta com frequência e notas ficassem registradas corretamente no sistema. Depois é difícil encontrar os professores para entregá-las, já que os encontros são quinzenais.”

A coordenadora afirmou ainda que também se sentiu incomodada com a situação. “Cheguei a pedir desculpas no mesmo momento. Não falei ‘você está devendo’. Seria incapaz de constranger alguém. Se aquela turma da pós existe é porque eu batalhei. Liguei para cada um para que pudessem se ingressar. Por isso, fico duplamente chateada.”

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