Campanha de vacinação deve começar no dia 30 de abril. Enquanto isso, clínicas privadas estão com o estoque esgotado

Foto: Osnei Restio/ Prefeitura de Nova Odessa
Foto: Osnei Restio

Com medo de uma nova epidemia da gripe A (H1N1), os goianienses têm procurado clínicas particulares para se prevenirem contra a doença, mas em quase todas as unidades, a vacina está em falta. Na semana passada, a Secretaria Estadual de Saúde de Goiás confirmou cinco casos e um óbito pela doença no Estado.

“Mesmo com todo o preparo, a vacina só ficou disponibilizada esta semana e em pequena quantidade que não está suprindo a demanda”, explica a médica infectologista Luciana Barreto, coordenadora do Centro de Vacinação da Unimed Goiânia.

Por volta das 16 horas da última terça-feira (29/3), o Centro de Vacinação recebeu 500 doses da vacina que já haviam sido encomendadas anteriormente. Segundo a coordenadora do centro, às 13 horas de quarta-feira (30/3), as doses já haviam esgotado. “Assim que as vacinas chegaram, já tinham pessoas na fila esperando. Já temos uma nova solicitação com um quantitativo maior, que inclusive já deveria ter chegado, mas ainda não temos previsão”.

Para a médica, “a rede privada nunca vai dar conta de toda a demanda da população. A rede pública precisa entrar com mais doses para suprir toda essa demanda”, pontua. As vacinas que chegam para as clínicas de vacinação são importadas. Atualmente, são três laboratórios estrangeiros que fornecem os produtos. “Nossa central de atendimento está abarrotada e nas outras clínicas de vacinação está assim também, porque nós dependemos dos fabricantes”, explica.

Além disso, a vacina da gripe não está disponível o ano todo, uma vez que sofre mudanças em sua composição em razão das mutações do vírus. “Ao final de cada ano, a composição da vacina é reavaliada e, a partir daí, ficamos a espera dos laboratórios produtores”, explica Luciana Barreto.

Rede pública

O Ministério da Saúde divulgou na última terça-feira (29/3) o calendário de distribuição da vacina contra a gripe A (H1N1). A campanha nacional terá início no dia 30 de abril, porém, nesta sexta-feira (1/4) a pasta já começa a distribuir o imunizante aos Estados.

Normalmente os surtos de H1N1, um dos tipos da Influenza A, acontecem a partir de junho, com a chegada do inverno, mas, no estado de São Paulo, por exemplo, casos graves da doença começaram a ser registrados mais cedo. Só este ano, o país já registrou 46 mortes pela doença – 38 delas na capital paulista.

A infectologista Luciana Barreto explica que é cada vez mais comum que o vírus comece a se espalhar antes da época esperada. “Nos últimos anos temos percebido que o vírus tem chegado cada vez mais cedo e este ano de 2016 está sendo ainda mais atípico. Acredito que o ideal seria que a campanha de vacinação começasse em fevereiro, uma vez que a vacina, leva um tempo para gerar os anticorpos. De qualquer maneira, isto deve ser repensado para o ano que vem”.

A campanha nacional vai de 30 de abril a 20 de maio, mas, com a chegada do imunizante mais cedo, os estados e municípios poderão antecipar a aplicação da forma mais conveniente para a região.

Até o momento, tanto as secretarias de Saúde de Goiás e de Goiânia não têm previsão para qualquer adiantamento das campanhas de vacinação contra a gripe para este ano. O calendário das secretarias municipal e estadual está em consonância com o do Ministério da Saúde, com previsão de início da campanha para o dia 30 de abril.

Surto

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Os últimos dados da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás, da última terça-feira (29/3) informam que, de 12 casos investigados, cinco foram confirmados – quatro em Rio Verde e um em Goiânia, e um evoluiu para óbito.

Sobre o surto da doença em Rio Verde, o secretário Leonardo Vilela afirmou que “o número de casos no sudoeste do Estado fez a gente ligar o sinal de alerta”. A primeira medida será a vacinação de profissionais da saúde e de grupos prioritários (crianças de seis meses a menores de cinco anos, pessoas com 60 anos ou mais, gestantes, puérperas e pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis ou com outras condições clínicas especiais), residentes em Rio Verde, no Sudoeste do Estado.

Foram disponibilizadas 25 mil doses da vacina contra a influenza utilizada na campanha de 2015, a fim de que seja realizada a vacinação emergencial, como medida profilática, no município.

Em 2015, Goiás notificou 328 casos de SRAG, sendo 64 óbitos. Dos 37 casos de SRAG por influenza, 12 foram encerrados como influenza B, com 3 óbitos; 23 casos como influenza A/H3N2, com 7 óbitos; um como Influenza A não subtipado, com 1 óbito; um de H1N1, com 1 óbito.

Sintomas

Os principais sintomas da gripe A (H1N1) são infecção aguda das vias aéreas e febre – em geral mais acentuada em crianças do que em adultos. Também podem surgir calafrios, mal-estar, dor de cabeça e de garganta, moleza e tosse seca, além de diarreia, vômito, fadiga e rouquidão.

A prevenção da doença é feita com regras básicas de higiene, como cobrir a boca ao tossir ou espirrar e lavar as mãos com frequência. Também se deve evitar permanecer por muito tempo em ambientes fechados, sem ventilação e com aglomeração de pessoas.