Senador ainda afirmou que grava todos os políticos, com caneta ou através do celular

Jair Bolsonaro e Jorge Kajuru: amizade foi o estopim para a saída do senador do PsB

O senador Jorge Kajuru (Cidadania) diz que avisou ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ainda no domingo, 12, que iria divulgar os áudios da conversa que tiveram. Ao Jornal Opção, o parlamentar afirmou que “todos os políticos sabem que eu gravo todo mundo”. “Está nos anais do Senado no dia da eleição do [Rodrigo] Pacheco à presidência. Ou pelo telefone ou pela caneta que o Datena me deu”, diz

Perguntado se a divulgação dos áudios gerou algum mal-estar, Kajuru diz que não há “nenhum crime” na conversa ou na divulgação. “[No domingo]12h40 avisei a ele [Bolsonaro] que iria botar no ar. Por que ele não falou: não coloca no ar?!”, diz. “Por que só hoje cedo foi reagir? Coloquei no ar às 13h. Se tivesse ficado p*to ontem mesmo teria dado uma entrevista e respondido para mim. Por que só foi responder hoje às 10h?”, indaga.

Kajuru continua dizendo que a resposta seria que “alguém deve ter chegado hoje cedo e dito que ele errou”.

“Toda a conversa foi para o ar depois. Ele pediu para eu colocar no ar e coloquei”, respondeu ao ser perguntado se havia algo a mais. “Assunto encerrado e vamos em frente. Em Brasília é assim: matar um leão por dia”, finalizou.

Após a repercussão negativa dos aúdios, o presidente disse a apoiadores na frente do Palácio do Planalto, em Brasília, que foi “traído” ao ser gravado.

“A gravação é só com autorização judicial. Gravar o presidente e divulgar? Só para controle, falei mais coisas naquela conversa lá. Pode divulgar tudo da minha parte”, disse o presidente.

Os áudios

Kajuru divulgou nas redes sociais no domingo diálogo com Bolsonoro sobre a instalação da CPI  (comissão parlamentar de inquérito) da Covid. Em ligação, Kajuru diz que não abre mão de ouvir governadores. “Eu vou mudar o objetivo da CPI. Eu quero ouvir os governadores. Eu só não quero que o senhor [Jair Bolsonaro] me coloque no mesmo joio”, disse Kajuru.

Jair Bolsonaro defendeu eminentemente a mudança do objetivo da CPI que deverá investigar responsabilidades por atos praticados pelo governo federal no combate à pandemia. Para o presidente, se Kajuru ampliar a investigação estará fazendo um “excelente trabalho para o Brasil”. Caso não tenha alteração na investigação, “vai vir só para cima de mim. É preciso ampliar para governadores e prefeitos. Se não, vai simplesmente fazer um relatório sacana”, pontuou Bolsonaro.

Além disso, no diálogo, Bolsonaro pressiona Kajuru a pedir abertura de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O senador responde que já havia feito pedido para derrubar Alexandre de Moraes. Os ministro responderam que a divulgação dos áudios se tratam de “um teatro armado” para constrangê-los.