Alerta para quem procura Tamiflu: remédio contra H1N1 só é disponibilizado na rede pública
07 abril 2016 às 18h51
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Ausência de medicamento nas farmácias privadas não é causada pela alta procura após casos de Influenza A e sim pela restrição quanto à sua distribuição
A gripe H1N1 se tornou motivo de preocupação para a população goianiense. Desde que foram confirmados os primeiros casos da doença em Goiás, postos de vacinação e clínicas particulares receberam um público bem maior que o normal atrás da vacina contra o Influenza tipo A. Agora, além das vacinas, é complicado encontrar álcool gel e o Tamiflu, medicamento que impede a reprodução do vírus e é indicado no tratamento da enfermidade.
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O Jornal Opção entrou em contato com quatro redes de drogarias na cidade e em nenhuma delas há Tamiflu disponível: o medicamento está em falta na Drogasil, na Rosário, na Santa Marta e na Pague Menos. Segundo as atendentes, a demanda aumentou, mas a falta do remédio é anterior aos novos casos de H1N1. Algumas farmácias, como a Rosário, já não trabalham com o medicamento há anos.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, o motivo é que o Tamiflu não é disponibilizado na rede privada de farmácias, o que explica a ausência do medicamento nos estoques de drogarias. “O Fosfato de Oseltamivir (Tamiflu) é um medicamento disponível apenas na rede pública de saúde. O Ministério da Saúde distribui o medicamento para os Estados e estes para os Municípios”, informou a SMS em nota.
A situação na rede pública está normalizada, de acordo com a SMS: “As unidades de saúde da capital estão abastecidas com o fármaco e a utilização deste é feita obedecendo protocolos clínicos”. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) também informou que a distribuição não está prejudicada no Estado: “Na rede pública, para pacientes que necessitam dos tratamentos, não há falta”, garantiu.
Procurada pelo Jornal Opção, a assessoria da Roche Farma Brasil, responsável pelo Tamiflu, informou que o laboratório não esperava tamanha procura nesta época do ano e que trabalha para atender a demanda das farmácias e hospitais. Nas drogarias de Goiânia não há previsão de reposição de estoque.
O Tamiflu precisa de receita para ser obtido e não precisa ser usado especificamente por quem já está doente. Segundo o infectologista Boaventura Braz, o medicamento também pode ser tomado de forma preventiva, principalmente por pessoas que tiveram contato com o vírus.
Em cenário semelhante ao que ocorreu em 2009, em meio a um surto da doença, o álcool em gel também está difícil de encontrar. Na rede de drogarias Santa Marta e nas farmácias Pague Menos, por exemplo, já não é mais possível encontrar o produto. Na época, a demanda, anormalmente alta, causou problemas na distribuição, assim como ocorre atualmente.
H1N1 em Goiás
Em 2016, já foram registrados dez casos da doença em Goiás, dos quais cinco evoluíram para óbito. Goiânia, Rio Verde, Caldas Novas, Planaltina e Ouvidor são as cidades com vítimas fatais, das quais três eram do grupo de risco. Também foram confirmados casos em Cachoeira Alta e Quirinópolis.
Para evitar novos óbitos, a Secretaria Estadual de Saúde pediu ao Ministério da Saúde que a campanha de vacinação, inicialmente marcada para ter início em 30 de abril, fosse antecipada no Estado. Agora, a imunização terá início na próxima terça-feira (12/4) em 61 municípios, incluindo as três maiores cidades do Estado: Goiânia, Aparecida de Goiânia e Anápolis. A região metropolitana da capital também está incluída na lista.
A partir de 18 de abril a vacinação se estende para as demais cidades. No total, Goiás receberá 1,6 milhões de doses até o final da campanha, em maio. Convém lembrar que quem tomou a vacina em 2015 deve procurar uma unidade mesmo assim, porque a imunização vale por até seis meses.
A meta da SES é vacinar pelo menos 80% da população que integra o grupo de risco: crianças de 6 meses a menores de 5 anos, pessoas com 60 anos ou mais, trabalhadores de saúde, povos indígenas, gestantes, puérperas, população privada de liberdade e pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis ou com outras condições clínicas especiais.
Além da antecipação da vacinação, o secretário de Saúde, Leonardo Vilela, também destacou outras medidas que estão sendo tomadas para frear o aumento nos casos. “Não podemos deixar a doença se alastrar, por isso estamos tomando todas as medidas estratégicas como a antecipação da campanha de vacinação, revisão do Plano Estadual de Contingência da Síndrome Gripal e SRAG (que fala sobre vigilância, diagnóstico e assistência medicamentosa), implantação do Comitê para discutir o assunto e capacitação dos profissionais de Saúde sobre o correto manejo clínico”, afirmou ele.
As secretarias alertam também para a necessidade de adotar alguns cuidados básicos para evitar que a situação se torne uma epidemia. São medidas simples mas que, segundo Vilela, são eficazes na prevenção: higienizar as mãos, evitar aglomerações, tampar o nariz e a boca com um lenço ao tossir ou espirrar e procurar atendimento médico caso sejam identificados os sintomas.
Aos doentes, é recomendado que manter repouso, uma alimentação balanceada e manter a hidratação do corpo, além de evitar espaços fechados e com aglomerações, para evitar o contágio de outras pessoas.
Os principais sintomas, segundo a SMS, são febre de início rápido, tosse, dor de garganta, coriza, dores musculares e cansaço. O quadro pode evoluir para falta de ar e outras complicações respiratórias, mais perigosas para os chamados grupos de risco.