Os maus hábitos alimentares e um estilo de vida pouco saudável resultaram num crescimento da incidência de câncer de intestino entre a população com menos de 50 anos. De acordo com o estudo da American Cancer Society, o diagnóstico em adultos de 20 a 39 anos vem crescendo entre 1% e 2,4% por ano desde a década de 1980. 

Por dia no Brasil, cerca de 256 brasileiros são internados diariamente no Sistema Único de Saúde (SUS) por complicações graves relacionadas ao câncer de intestino, conhecido também como câncer colorretal. A Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva aponta que em 2022, o número de diagnósticos atingiu o maior patamar da década. Entre 2013 e 2022, foram 768.663 hospitalizações só no sistema público de saúde. 

O médico oncologista Bruno Conte explica que, apesar de ser mais comum em homens a partir dos 50 anos, o fato da doença ser “silenciosa” pode fazer com que o paciente só identifique a enfermidade em um estágio avançado.

Alimentação, cigarro e bebidas são vilões

Segundo o especialista, os jovens estão sendo acometidos pelo câncer de intestino por causa do estilo de vida pouco saudável. Dietas pobres em fibras (como frutas, verduras e legumes), alto consumo de alimentos ultraprocessados(como salsicha, mortadela, linguiça, presunto, bacon, blanquet de peru, peito de peru e salame) e também de carne vermelha (acima de 500 gramas de carne cozida por semana) aumentam o risco para a doença.

O médico explica que as carnes processadas são submetidas a técnicas para realçar sabor ou melhorar a preservação. “As substâncias presentes na fumaça do processo de defumação e os conservantes (como os nitritos e nitratos) também adicionados durante o processamento, juntamente com o sal, favorecem o surgimento do tumor no intestino”, reforça ele.

Outros hábitos ruins e que vem resultando na maior prevalência desse tipo de câncer entre os mais jovens são o excesso de álcool, de tabaco, falta de atividade física e privação de sono, entre outros. De acordo com a ACS, estima-se que pessoas nascidas na década de 1990 possuem um risco quatro vezes maior de desenvolver câncer no reto (a porção final do intestino) do que as que nasceram nos anos 1950.

Sinais e sintomas

“Sangue nas fezes, alterações significativas no formato das fezes, constipação, diarreia, perda de peso sem motivo específico: tudo isso deve ser um alerta para uma consulta médica”, afirma o médico.

Ele destaca que os exames preventivos são muito importantes para detecção precoce do câncer colorretal. Isso porque a doença tem a peculiaridade de possibilitar tanto a prevenção da ocorrência da doença, pela identificação e retirada dos pólipos intestinais – que leva a uma redução da incidência do câncer – quanto a detecção em estágios iniciais.

“Pessoas com histórico familiar devem fazer a colonoscopia preventiva a partir dos 45 anos, e dando tudo certo, repetir o exame a cada dez anos. Já as pessoas que não possuem casos na família devem realizar colonoscopia preventiva a partir dos 50 anos de idade”, salienta.

Projeção para os próximos anos

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) projeta em 45.630 o número de novos casos de câncer de intestino no Brasil para o triênio de 2023 a 2025. Se tais projeções se confirmarem, de acordo com as entidades, a doença alcançará contingente superior a 136 mil pessoas no país. Segundo o Inca, o risco estimado é de 21,10 casos por 100 mil habitantes, sendo 21.970 entre homens e 23.660 entre mulheres.