Aguimar Jesuíno acredita que produtores rurais podem atuar como prestadores de serviços ao meio ambiente

21 agosto 2014 às 20h42

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Candidato ao Senado pelo PSB em Goiás, ele diz que o partido não é contra o desenvolvimento do agronegócio, desde que seja aliado à sustentabilidade. O candidato avaliou o novo cenário político com a candidatura de Marina Silva
A morte do presidenciável Eduardo Campos mudou completamente o cenário político no país. A subsequente candidatura de Marina Silva fez com que não apenas as pesquisas eleitorais fossem alteradas – indicando um cenário otimista para a ex-ministra –, mas também a relação do PSB com seus aliados em alguns Estados. Enquanto isso, pequenas crises florescem no seio do partido.
Como uma sigla vocacionada para o desenvolvimento vai reagir sob a liderança de uma candidata devotada ao meio ambiente? O candidato ao Senado pelo PSB em Goiás, Aguimar Jesuíno, ligado à Rede Sustentabilidade, avaliou esse novo cenário ao Jornal Opção Online, dando atenção especial à questão do agronegócio, de vital importância para o Estado.
Aguimar pontua que o PSB defende a expansão da produção rural, desde que realizada de forma sustentável. “É impossível manter o agronegócio sem água. E para termos água é preciso que se preserve as nascentes”, assegura.
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O candidato vê como uma “briga boba” a rixa entre ambientalistas e produtores rurais, apregoando que os últimos devem ser incentivados a atuar como protetores dos recursos naturais. “Eles não são inimigos do meio ambiente”, avalia.
O pessebista defende que os produtores podem atuar como prestadores de serviços em prol do meio ambiente, ajudando no reflorestamento e no cuidado com os leitos dos rios sem que, para isso, seja prejudicada a produção agrícola. Uma das formas de fazer isso seria remunerar aqueles que tomassem medidas benéficas à natureza.
“Não é preciso que sete bilhões de pessoas voltem a viver primitivamente para que a natureza possa se manter”, afirma. “Isso é visão de ambientalista radical.”
O candidato ressalta que defende o meio ambiente, inclusive, para que a economia possa se desenvolver a longo prazo. Ele ressalta que 90% da energia elétrica do país é gerada com água do cerrado, e esse seria um dos principais motivos do porquê as bacias hidrográficas da região precisam ser preservadas.
Entre as medidas defendidas pelo senadoriável está o incentivo para que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) realize estudos técnico-científicos que possam cooperar para o desenvolvimento agrícola de forma sustentável. Ele aponta, por exemplo, que pesquisas para a criação de sementes mais resistentes e menos dependentes de produtos químicos devem ser cada vez mais estimuladas, assim como o desenvolvimento de culturas que agridam a natureza o menos possível.
Segundo ele, Marina Silva compreende a importância dessas questões e está atenta às particularidades do bioma que predomina no Centro-Oeste. “Ela sabe do valor do cerrado e também é uma grande defensora da produção de etanol no Estado. Marina entende que o setor foi abandonado e que a matriz energética renovável precisa ser prestigiada.”
Entrando na seara da política, Aguimar, que até o momento fez apenas uma crítica pública ao seu principal concorrente, Ronaldo Caiado (DEM), diz não acompanhar os passos do adversário e desconhecer seu programa de campanha. “Critiquei ele quanto à questão da Celg porque não entendo porque ele não fez nada pela empresa quando pôde”.
No começo de agosto, Aguimar fez uma série de questionamentos ao democrata quanto à sua postura de criticar a proposta de federalização da Celg. “Por que não ajudou lá atrás a evitar a venda da Usina de Cachoeira Dourada, negociada à época em que seu partido (o então PFL) comandava o Ministério das Minas e Energia? Por que não ajuda agora, visto que seu novo aliado, o PMDB, dirige o ministério?”
Agora, ele critica também os constantes embates do deputado federal com ambientalistas. “O mundo se modernizou nas questões agrárias. Ninguém quer comprar carne de quem está destruindo o meio ambiente.”
Entrando no cenário da disputa pela presidência, alterado dramaticamente após a morte de Eduardo Campos, Aguimar demonstra otimismo com as pesquisas, que apresentam possibilidade de vitória de Marina no segundo turno das eleições. Ele falou a respeito de polêmicas recentes envolvendo a candidata.
Sobre as ressalvas dela com alguns candidatos com quem o PSB se coligou em alguns Estados, Aguimar diz que Marina está apenas mantendo sua coerência. A candidata não concorda com o apoio do partido ao PSDB em Mato Grosso, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. “Ela se posicionou desde o começo e sempre combateu projetos como o do Geraldo Alckmin (candidato ao governo de SP). Ela vai a São Paulo fazer campanha junto aos candidatos do PSB, mas não com Alckmin, o que seria até uma incoerência, já que ele apoia Aécio Neves para a presidência”, explica.
Em seguida, ele falou sobre a renúncia do então secretário-geral e coordenador da campanha presidencial do PSB, Carlos Siqueira, anunciada nesta quinta-feira (21/8), devido a um desentendimento com Marina. O imbróglio ocorreu porque a presidenciável chamou Bazileu Margarido e Walter Feldman para a campanha, afirmando que “se o PSB quiser, o Siqueira pode continuar”.
A situação aprofundou uma crise entre a candidata e o coordenador, que chegou a fazer declarações contundentes. “Da senhora Marina Silva eu quero distância. Eu não participo de campanha de Marina Silva. Ela não é do PSB”, afirmou.
O caso poderia ser o indício de que as rixas entre os integrantes do PSB e aqueles ligados à Rede poderiam estar aflorando com a candidatura de Marina, mas Aguimar acredita que não seja essa a questão. “Foi um caso isolado. Normal que pessoas de um lugar ou outro abandonem o projeto, mas não deve haver maiores consequências”, pontua.
De acordo com ele, Marina é o principal nome para acabar com a polarização PT-PSDB, trazendo um discurso novo para o debate. “Ela mudou o tabuleiro eleitoral”, arremata.