Agro pede revisão do protocolo sanitário, após China retomar compra de carne
25 março 2023 às 09h02
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A China é o principal destino da carne bovina brasileira, sendo responsável por 60% do total dos embarques para o exterior. O país asiático estava sem comprar a proteína brasileira desde 22 de fevereiro, quando um caso atípico de “mal da vaca louca” foi detectado em uma pequena propriedade no município de Marabá, no Pará. Com o caso de “mal da vaca louca”, o Brasil determinou o autoembargo dos envios para o mercado chinês, conforme rege acordo comercial entre os dois países.
E após reunião com a delegação brasileira, em Pequim, o governo chinês decidiu levantar o embargo à carne bovina brasileira. A volta das exportações da proteína para a China foi anunciada pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, diretamente do país chinês, onde se encontra com comitiva formada por mais de 100 empresários do setor agropecuário. De acordo com ele, a decisão foi confirmada por autoridades sanitárias do país asiático.
A retomada das exportações da carne bovina para a China já era aguardada pelo mercado. A expectativa, aliás, era de que o embargo fosse derrubado somente no dia 28 março.
Francisco Olavo de Castro, presidente da Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), afirma que com a retomada das exportações, a China deve voltar a comprar grandes volumes de carne bovina brasileira. Segundo ele, o Brasil é a melhor alternativa de fornecimento de carne bovina em escala global. “A China deve concentrar as compras aqui no mercado brasileiro e deve manter um bom ritmo de importação. O Brasil vai tranquilamente manter a liderança global das exportações de carne bovina. Com muita tranquilidade”.
O analista da Safras & Mercado Fernando Iglesias pontua que o mercado recebeu com bastante entusiasmo a notícia. “A notícia de que a China voltou a comprar carne bovina brasileira, realmente é uma excelente notícia. É ótimo para o mercado brasileiro. E também tivemos a notícia de que mais quatro unidades frigoríficas foram habilitadas a exportar para China. Agora o que resta em termos de negociação é que essa comitiva que está lá na Ásia aproveite essa oportunidade pra tentar renegociar esse protocolo sanitário que foi firmado com a China em 2015. E ainda tentar rever esse protocolo para que a gente não sofra danos tão graves assim em casos atípicos que pouco interferem na cadeia produtiva e que não oferecem riscos”, ressalta o analista.
Protocolo sanitário
O atual protocolo sanitário entre Brasil e China foi assinado em 2015 pela então ministra da Agricultura, Kátia Abreu. O documento prevê que em caso de surgimento de um caso confirmado, mesmo que atípico, as exportações de carne bovina devem ser automaticamente interrompidas. Segundo o ministro Fávaro, o protocolo também exige muita transparência.
A necessidade de atualização do protocolo sanitário com o país chinês tem repercutido no setor agropecuário. Francisco Olavo de Castro comenta que assim como o Mapa faz o alto embargo de forma automática ao mínimo caso de suspeita, o setor gostaria que ele tivesse a reflexão junto ao governo chinês de fazer a reabertura automática também.
“Assim que for comprovado nos laboratórios oficiais do mundo inteiro que é uma doença típica e que não envolve risco nenhum para o país chinês, para o brasileiro, para a população de modo geral, nem para os animais, que seja feita a reabertura e seja autorizado o embarque de carne para China automaticamente”, defende.
O presidente da Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), complementa ainda que não é rever o acordo, mas sim fazer uma nova interpretação nesse acordo.
“Não tem risco nenhum e o risco da vaca louca atípica é zero para saúde humana. Então a gente pode sim prever essa reabertura automática. O que a gente pede é o que o pecuarista almeja. O que a gente não pode é ficar na incerteza de quando o mercado é reaberto, uma vez que ele pode ficar fechado 20 dias ou quatro meses. Essa incerteza gera muito prejuízo ao pecuarista que não consegue se programar e a atividade vai ficando cada vez mais insustentável”, finalizou.
Em seu site, a Sociedade Rural Brasileira (SRB) também divulgou apoio ao pedido de revisão da proposta pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) sobre o acordo de exportação de carne bovina entre Brasil e China.
Mais quatro países reabrem mercado ao Brasil
Outros quatro países que haviam interrompido as compras da proteína já retiraram os embargos, afirma, em nota, o Ministério das Relações Exteriores (MRE), sem informar quais seriam esses mercados. Segundo a pasta, outros seis países continuam com as compras de carne bovina suspensas. São eles Bahrein, Cazaquistão, Catar, Irã, Rússia e Tailândia.