Agronegócio critica adiamento do Plano Safra 2024/2025
26 junho 2024 às 12h32
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O anúncio do Plano Safra 2024/2025, que estava previsto para esta quarta-feira, 26, foi adiado pelo governo para a próxima semana, mais especificamente para o dia 3 de julho. A mudança de data, justificada pela falta de tempo para organizar a cerimônia, gerou insatisfação entre os ruralistas e levou a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) a criticar a desorganização do governo. [Confira nota na íntegra ao final do texto]
A decisão pelo adiamento foi tomada durante uma reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário). A reunião contou também com a presença da secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, e da presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros.
“Quero fazer uma grande mobilização, aqui em Brasília, na próxima semana, com os agricultores familiares. Vamos trazer máquinas, vamos encher a Esplanada”, adiantou Teixeira. No entanto, isso não foi suficiente para acalmar a indignação da FPA.
“O adiamento do Plano Safra 2024/2025, numa total demonstração de desorganização e ineficiência do governo federal. Importante ressaltar que os produtores rurais ficarão descobertos durante a primeira semana de vigência do plano”, lamentou a FPA, sobre o prazo do atual Plano Safra expirar em 30 de junho, ou seja, antes do anúncio do novo programa de financiamento.
Este adiamento se soma a outros episódios de tensão entre o governo e os representantes do agronegócio. Recentemente, o leilão para a compra de arroz importado foi adiado, apesar da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) afirmar que não havia necessidade do certame devido à colheita da safra gaúcha.
Além disso, a medida provisória que limita o uso dos créditos do PIS/Cofins, devolvida pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também foi alvo de críticas do setor agropecuário.
Este não é o primeiro adiamento do lançamento do Plano Safra. Anteriormente, o ministro Fávaro havia anunciado que o lançamento ocorreria em Rondonópolis, Mato Grosso, maior produtor de grãos do país. Contudo, o governo recuou para evitar manifestações políticas no estado, considerado um reduto do bolsonarismo.
O Plano Safra é um pacote anual de financiamentos dividido em duas partes: uma para o agronegócio e outra para os agricultores familiares. Ambas as partes serão anunciadas no mesmo dia, mas em eventos separados. A expectativa do setor é de um aporte recorde de R$ 570 bilhões, superando os R$ 364,22 bilhões do ano anterior, o maior já registrado.
A CNA defende que, do montante previsto para o biênio 2024/2025, R$ 470 bilhões sejam destinados aos médios e grandes produtores e R$ 100 bilhões para os agricultores familiares. No entanto, o governo estima um total de R$ 532 bilhões para o programa.
A reportagem procurou a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás (Seapa), mas ninguém se dispôs a falar sobre o assunto. Procurada, os deputados federais Marussa Boldrin e Daniel Agrobom, integrantes goianos da FPA, não retornaram às ligações. O espaço segue aberto.
Nota da FPA na íntegra:
“A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) lamenta profundamente o adiamento do Plano Safra 2024/25, numa total demonstração de desorganização e ineficiência do governo federal.
Importante ressaltar que os produtores rurais ficarão descobertos durante a primeira semana de vigência do plano, ou seja, todos os problemas que estiverem na proposta inicial ainda precisarão ser corrigidos, o que leva mais tempo ainda para a chegada do crédito real aos produtores.
Uma sinalização preocupante do governo federal diante da crise enfrentada pelo setor.
Entendemos que o momento é urgente e exige isonomia governamental para que possamos enfrentar os desafios de continuar contribuindo com grande parte do PIB brasileiro, da geração de emprego e renda, além do alimento de qualidade e sem inflação na mesa do brasileiro.”
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