Advogado eleitoral diz que ainda não há base para impeachment de Temer
20 maio 2017 às 18h07

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Para Dyogo Crossara, o que já foi divulgado não prova crime de responsabilidade do presidente. Na sua opinião, toda a delação deve ser analisada com cautela
O advogado eleitoral Dyogo Crossara afirmou, em entrevista ao Jornal Opção, que ainda não há provas que justifiquem um pedido de impeachment do presidente Michel Temer (PMDB). Segundo ele, pelo que já foi divulgado, não existe a configuração de nenhum crime de responsabilidade.
“A questão é muito mais política do que jurídica”, disse ele. Além disso, Dyogo concordou com alguns pontos do discurso de Temer neste sábado (20/5). Um exemplo foi a notícia de que a empresa comprou R$ 1 bilhão de dólares logo após a divulgação da delação. “Isso precisa ser apurado, eles ganharam muito dinheiro com a crise”.
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Depois da divulgação da notícia, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) está investigando se o grupo, por saber do impacto das delações, comprou dólares para se proteger da variação no câmbio. A suspeita de manipulação nos áudios também foi pontuada pelo advogado como uma das razões pelas quais é preciso ter cautela.
Para ele, o próprio acordo do Ministério Público com a JBS deve ser melhor analisado: “Até agora não teve nenhum acordo sem pena”, questionou. “O que é algo muito sério é a crise que isso pode gerar no país. O Joesley fazer o que fez e o país ter que passar por mais um impeachment é complicado”, criticou.
Sobre se o fato de Temer ter ouvido os relatos de Joesley – que afirmou no áudio ter comprado procurador e juiz – e não ter dito nada configuraria crime de prevaricação, Dyogo disse que sim, desde de que se prove que o presidente realmente acreditou no relato, já que ele alegou não ter levado as declarações à sério.
Questionado sobre se a mera possibilidade de que houvesse irregularidades não seria suficiente para que Temer tivesse notificado os órgãos responsáveis, Dyogo ressaltou que não é possível afirmar que ele não o fez. “Concordo que pode configurar, mas Joesley realmente era conhecido como quem fala demais”, pontuou o advogado.