Em Goiás, João Gomes Cravinho defende que assinatura do documento de livre comércio entre os dois blocos continentais será boa para o Estado

Segundo o embaixador João Gomes Cravinho, faltam poucos detalhes para que o acordo de livre comércio seja assinado | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

O embaixador da delegação da União Europeia (UE) no Brasil, João Gomes Cravinho, fez visita oficial ao governo de Goiás na quarta-feira (21/3). Na pauta de assuntos a serem tratados estava a iminente assinatura de um acordo de livre comércio entre o bloco europeu e o Mercosul, que está em negociação há quase 20 anos.

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“Há ainda algumas coisas que faltam [serem discutidas], mas é tão pequeno comparado ao caminho conjunto que percorremos até aqui. Sou otimista e acredito que não deve haver muito espaço para não assinarmos o acordo”, disse o diplomata em entrevista exclusiva ao Jornal Opção.

Segundo o embaixador, a assinatura pode acontecer em abril. “Pensamos que, em dentro do próximo mês ou em maio haverá condições para finalizarmos [as negociações] e, a partir de então, começar todo o trabalho de implementação”, sublinhou.

Bom para Goiás

Cravinho diz acreditar que o acordo terá um impacto “muito bom” para Goiás, uma vez que, com o aumento das relações comerciais entre Brasil e União Europeia, a demanda do Porto Seco Centro-Oeste, localizado em Anápolis, irá crescer.

O embaixador visitou as instalações do Porto Seco, que tem previsão de expansão para os próximos 25 anos, e ficou entusiasmado com o que conheceu. Para o diplomata, a infraestrutura é um dos gargalos quem tem limitado a relação entre a UE e o País.

Além disso, um dos principais pontos do acordo, e que tem gerado polêmica tanto no velho continente quanto na América do Sul, é o setor agrícola, responsável por impulsionar a economia goiana. “Haverá uma convergência de padrões e valores nas matérias sanitária e fitossanitária”, destacou Cravinho. Dessa forma, o produto goiano tende a entrar nos mercados europeus com mais facilidade.

Protestos

Em alguns países da Europa, especialmente na França, produtores têm protestado contra o acordo com o objetivo de pressionar os governantes na tentativa de barrar a assinatura. Eles reclamam da fiscalização sanitária do Brasil e alegam que o livre comércio pode quebrar seus respectivos negócios.

“Temos de compreender estas preocupações, mas, ao mesmo tempo, enquadrá-las naquilo que é o interesse geral das nossas sociedades e economias”, minimizou o embaixador. De acordo com Cravinho, União Europeia e Mercosul têm de encontrar juntos soluções para estes problemas.

“Em sociedades democráticas, é legítimo [protestar], mas são dificuldades que não nos devem preocupar.” E pontuou: “O acordo envolve muitos aspectos que convergem para a promoção de relações comerciais com mais fluidez e intensidade”.